sexta-feira, novembro 8, 2024

Ciência e inovação devem ser instrumentos para o desenvolvimento sustentável do planeta

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A ciência é o principal motor para o desenvolvimento sustentável do planeta, especialmente quando o assunto são os impactos devastadores do uso desenfreado do plástico de uso único, popularizado após a Revolução Industrial, nos anos 50. Um material indispensável, da indústria ao comércio, e no dia a dia dos cidadãos, mas que também figura entre os maiores responsáveis pela poluição do planeta.

De acordo com o relatório publicado em 2021 pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) 400 milhões de toneladas de plástico são produzidas anualmente e 85% desse total vai parar no mar, principalmente pelo descarte irregular, contaminando solos, oceanos e ameaçando a biodiversidade.

As propriedades do plástico convencional que conhecemos: leveza, durabilidade e versatilidade o tornam extremamente útil. Mas embora seja difícil imaginar um mundo sem ele, é fundamental que a busca por soluções que atendam às necessidades da sociedade de forma mais sustentável seja uma prioridade para governos, empresas e investidores.

Nesse contexto, o plástico biodegradável surge como uma opção relevante para minimizar os danos ao meio ambiente. Ele pode ser usado na produção de embalagens que, em sua disposição final, são capazes de perder massa ao longo do tempo sob a ação de fungos e microorganismos que permitem a biodegradação do material em até 20 meses, diminuindo o acúmulo de lixo no planeta, sem deixar microplásticos – que já afetam a vida humana, a fauna e a flora – ou materiais tóxicos no meio ambiente, reduzindo em até 60% da pegada de carbono.

O desenvolvimento desses materiais depende do avanço da ciência. Na Bioelements, empresa líder em soluções inovadoras e sustentáveis para embalagens, que atua em seis países da América Latina e EUA, já desenvolvemos mais de 30 formulações que mitigam o impacto ambiental com a parceria e o apoio de instituições em todo o mundo. Sem a pesquisa científica, não seria possível encontrar esses novos materiais, por isso, o investimento em novas tecnologias e a criação de soluções é fundamental para reverter o quadro atual de poluição que vivemos. Laboratórios, centros de inovação e acadêmicos devem se unir para garantir mais avanço e buscar cada vez mais financiamentos que promovam estudos, ampliando as possibilidades de transformação.

Ao mesmo tempo, é importante que a sociedade seja educada sobre o papel de novas tecnologias na luta contra o acúmulo de resíduos tóxicos e, principalmente, que saiba distinguir a diferença entre elas para que possa fazer escolhas mais conscientes. Existe uma confusão de termos que gera incertezas sobre quais opções realmente oferecem uma solução sustentável. O bioplástico, por exemplo, é feito a partir de fontes renováveis, como amido de milho ou cana-de-açúcar, mas nem sempre é biodegradável, podendo permanecer no ambiente por tanto tempo quanto o plástico convencional.

Já o plástico oxo-biodegradável contém aditivos que o fragmentam em pequenas partículas sob certas condições ambientais, o que pode gerar microplásticos prejudiciais ao meio ambiente. Em contrapartida, o plástico biodegradável é projetado para se decompor naturalmente, sendo considerada a opção que gera menos impacto ambiental, se testado e aprovado por órgãos e centros de regulação e testagem internacionais.

A ciência é o caminho mais seguro para alcançarmos o equilíbrio entre o progresso e a preservação do planeta. O plástico pode ser indispensável, mas se devemos utilizá-lo, que seja em uma versão que respeite o meio ambiente e contribua para um futuro mais sustentável.

Ybellise Azocar,  Head of Science da Bioelements, engenheira de materiais, especialista em polímeros, com ampla experiência em otimização e designer de processos de produção sustentáveis.

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