quinta-feira, outubro 31, 2024

Tecnologia que permite reproduzir virtualmente objetos e processos poderá ser usada na prevenção de tragédias climáticas

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O aprimoramento da tecnologia gêmeo digital — que permite reproduzir virtualmente e com exatidão um objeto físico e processos do mundo real —, com a melhor aplicabilidade da realidade estendida e da Inteligência Artificial (IA), terá imenso impacto positivo na Economia já em 2025. É o que afirma Paulo Eigi Miyagi, membro sênior do Instituto de Engenheiros Elétricos e Eletrônicos (IEEE), maior organização profissional técnica do mundo dedicada ao avanço da tecnologia em benefício da humanidade, e professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).

A tecnologia gêmeo digital se tornará ainda mais relevante em curto e médio prazo, enfatiza Miaygi, especialmente em um mundo em constante transformação e lidando com os efeitos cada vez mais danosos das mudanças climáticas. Para o membro do IEEE, o aprimoramento dessa inovação terá um papel crucial na prevenção e na resolução de problemas que afetam negativamente a Economia e, consequentemente, a qualidade de vida da população do planeta. Com o aperfeiçoamento dos modelos virtuais em 2025, engenheiros e outros cientistas poderão prever situações que comprometem múltiplos processos de produção industrial, monitorar e otimizar com uma maior eficiência e segurança a infraestrutura e serviços nas cidades e reduzir os efeitos de tragédias climáticas.

“O conceito de gêmeo digital é fundamental para o desenvolvimento de qualquer solução em benefício da sociedade. Com o melhor emprego da realidade estendida (virtual, aumentada e mista) e da Inteligência Artificial (preditiva e generativa, aprendizado de máquina e processamento de linguagem natural) será possível criar diversos cenários e projetar novos recursos para solucionar problemas complexos”, ressalta Miyagi.

Mercado crescerá dez vezes até 2030

Mais do que simular situações do mundo real, a tecnologia gêmeo digital viabiliza otimizar métodos, criar padrões, reforçar a segurança e reduzir custos. Tanto que se estima que esse mercado crescerá dez vezes até 2030, segundo a Forbes. “Um claro exemplo de associação de gêmeo digital, realidade estendida e IA é a identificação de vulnerabilidades de segurança cibernética em tempo real e a prevenção de ataques nesse campo. Esse quadro é uma das maiores preocupações na atualidade de gestores de empresas e governantes. Vale lembrar que em julho deste ano um apagão cibernético global afetou imensamente as empresas e serviços em vários países”, comenta diz Miyagi.

Ele sugere medidas para as organizações aplicarem melhor a tecnologia gêmeo digital, realidade estendida e IA em 2025:

— As empresas e instituições devem investir, desde já, na busca de profissionais qualificados, com profundo conhecimento das áreas de estudo STEM (sigla em inglês para cursos de Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática).

— Devem ter especialistas com a capacidade de fazer uma abordagem sistêmica.

— Criar processos que não dependam exclusivamente da IA, tecnologia que ainda tem imprecisões e limitações.

— Devem desenvolver formas de integrar a IA generativa (direcionada à produção de conteúdos) em fluxos de trabalho. É preciso ter um conhecimento amplo sobre a aplicabilidade desse ramo da IA.

— Estar preparadas para implementar a computação quântica (usa as propriedades da mecânica quântica). Para ter uma ideia, nos próximos três anos, computadores quânticos serão usados em 5% das empresas globalmente.

— Devem sempre reavaliar o custo-benefício das tecnologias de IA. Esta é uma inovação que requer grande consumo de energia, principalmente eletricidade e um recurso natural precioso: água para resfriar datacenters.

— Precisam avaliar cada cenário. Por exemplo, saber que veículos elétricos representam uma opção importante, mas não são uma saída global. Há países onde o etanol e/ou uma solução híbrida, incluindo hidrogênio, podem ser a alternativa mais acertada.

Miyagi conclui enfatizando que as novas tecnologias são influenciadas pela cultura da sociedade local. E as empresas e seus engenheiros devem continuamente considerar esse aspecto.

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