O mercado brasileiro de data centers está em uma trajetória de crescimento acelerado, com potencial para se tornar um polo de referência na América Latina. Em um cenário global onde a infraestrutura tecnológica é essencial para viabilizar serviços digitais, o Brasil se mostra traça uma estratégia l para o desenvolvimento do mercado de data centers, contando com uma matriz energética sustentável e uma economia emergente que demanda avanços em digitalização.
Em uma LIVE ESPECIAL especialistas do setor discutiram as oportunidades e os desafios na construção desse plano. Participaram Renato Pasquini, vice-presidente de pesquisa em tecnologia, telecomunicações, mídia e entretenimento Frost & Sullivan; Francisco Caramaschi Degelo, Business Development Manager Data Center Latam na Vertiv; Vitor Caram, diretor de Expansão da Odata; Adilson Silva, líder de Engenharia de Data Center da Cisco América Latina e Affonso Nina, presidente executivo da Brasscom.
Renato Pasquini iniciou a discussão destacando a crescente demanda de hyperscalers — grandes provedores de nuvem e serviços digitais — que envolvem alta capacidade de armazenamento e processamento. “Esses players, que incluem gigantes de mídia social, jogos e provedores de TI, contrataram uma grande quantidade de infraestrutura de data centers locais, e isso só tende a aumentar nos próximos anos. Essa demanda por capacidade é uma oportunidade para o Brasil, que atrai esses investimentos devido a fatores econômicos e geopolíticos desenvolvidos”,
Francisco Degelo diz que realmente hoje se vê uma grande demanda por sistemas que habilitam a operação de computação de alto desempenho, impulsionado por sites de IA, de treinamento, de operação, e além da demanda futura bastante forte na área dos hiperescalers, existe também novos players entrando no mercado de real state para serviços a de colocation.
Vitor Caram, da Odata, trouxe dados relevantes que reforçam a lacuna de infraestrutura de data centers no Brasil. “Apesar de termos 50% da infraestrutura de data centers da América Latina, isso representa apenas 2% da capacidade global, enquanto somos a oitava maior economia do mundo. Existe um enorme potencial de crescimento, especialmente num cenário em outras regiões, como a Europa e os EUA, desafios energéticos e geopolíticos que dificultam novos investimentos em data centers”, destaca Caram. Segundo ele, essa demanda e a estabilidade do país em relação a outras economias emergentes podem fazer do Brasil um protagonista global em infraestrutura.
Adilson Silva, da Cisco América Latina, trouxe uma visão focada na modernização das infraestruturas e no crescimento da inteligência artificial (IA). “As empresas estão adaptando seus data centers para suportar aplicações de IA e novas demandas de alto desempenho. Isso significa migrar para um modelo híbrido, que permite gerenciar operações on-premises e na nuvem de forma integrada. Esse modelo híbrido tem mostrado muito eficiente para atender às necessidades de empresas que dependem de um ambiente robusto e flexível para seu funcionamento”.
Affonso Nina, presidente executivo da Brasscom, destacou que os avanços na regulamentação e nos incentivos fiscais também desempenham um papel crucial na atração de investimentos em infraestrutura digital no Brasil. “Estamos em um momento em que o governo e as entidades do setor estão alinhadas para criar condições competitivas para que o Brasil seja um ideal local para investimentos em tecnologia. Isso envolve desde a simplificação de processos até incentivos para a adoção de energias renováveis e a modernização de infraestruturas de rede, como o 5G”.
Para Adilson Silva, da Cisco, o futuro do mercado de data centers passa por se adaptar à inteligência artificial, que demanda uma infraestrutura altamente capaz. “Hoje, o reconhecimento facial, mapas de calor e outras tecnologias de IA, entre outras, exige data centers modernos, eficientes e conectados. Este é um mercado que deve crescer muito no Brasil, conforme empresas adotem essas tecnologias para melhorar sua competitividade e atendimento ao cliente”, afirmou.
Por outro lado, Pasquini da Frost & Sullivan aponta para o desenvolvimento de data centers de borda, os chamados “edge data centers”. Estes data centers menores, localizados ao usuário final, visam reduzir a latência em aplicações críticas, como as relacionadas à indústria 4.0, portos e mineração, além de oferecer uma infraestrutura mais adequada ao crescimento do 5G. “A borda permitirá que aplicativos de missão crítica operem com eficiência e segurança, atendendo a setores industriais operam em tempo real”.
O painel ainda discutiu a importância da sustentabilidade na operação de data centers. A questão do consumo de energia permanece como um desafio. Investimentos em fontes alternativas, como energia solar e eólica, bem como a geração distribuída, são alternativas que estão em pauta para atender a essa necessidade crescente de energia, sem sobrecarregar a rede elétrica atual.
Degelo, da Vertiv, diz que a empresa investe desenvolvimento de novas tecnologias de refrigeração líquida e energia de baixo carbono. “Cada vez mais, vemos uma corrida por eficiência energética. Data centers, que são grandes consumidores de energia, precisam se alinhar a práticas de sustentabilidade para reduzir seu impacto ambiental e tornar-se atrativos aos olhos dos investidores”.
O painel também apontou os desafios do setor. Vitor Caram observou que o Brasil precisa consolidar sua posição como um mercado estável e confiável para investimentos de grande porte. “Para competir com os grandes mercados internacionais, é essencial que o país ofereça segurança regulatória e política, além de uma infraestrutura capaz de suportar o crescimento digital contínuo
Nina complementa: “O Brasil tem uma grande oportunidade de se posicionar como um hub digital para a América Latina, mas, para isso, será necessário investimento contínuo, tanto público quanto privado, para aprimorar a conectividade e as condições regulamentadas.
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