O debate sobre a eletromobilidade no Brasil vem ganhando força, destacando-se sua importância para a viabilização de veículos elétricos como mobilidade sustentável. No segundo painel da 4a edição do ESG Forum 2024, especialistas de diferentes setores exploraram como essa inovação está transformando o mercado de transporte, com foco na redução de emissões de CO₂ e na promoção de energias limpas.
Participaram Fernando Pfeiffer, diretor de Estratégia de DriverLab na 99; Alex Nucci, diretor de Vendas de Soluções da Scania Operações Comerciais Brasil; Thiago Sugahara, vice-presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE); e Francisco Kronemberger, diretor de Projetos da Criape.
Fernando Pfeiffer destacou o papel da 99 na democratização do carro elétrico no Brasil. Com uma célula de inovação voltada para a mobilidade sustentável, a 99 inovação uma aliança estratégica com 19 grandes empresas, entre as quais se destacam a BYD, o Santander e a Raízen, para construir um ecossistema que viabilize uma ampla adoção de veículos elétricos (VE). Pfeiffer apontou os ganhos econômicos para motoristas de aplicativo: “Com um carro elétrico, o motorista consegue economizar mais de 80% do valor gasto com combustível”. Isso significa uma economia mensal média de R$ 2.500, valor que pode ser reinvestido na aquisição do veículo, facilitado por parcerias com locadoras e financeiras. Pfeiffer informou ainda que a 99 já contabiliza 47 milhões de milhas rodadas com VEs, poupando cerca de 3 mil toneladas de CO₂ na atmosfera, ilustrando o impacto ambiental positivo.
Alex Nucci, da Scania, ressaltou a complexidade do setor de veículos pesados e a necessidade de uma abordagem multimodal para o transporte sustentável no Brasil. A Scania adota uma visão estratégica de diversificação tecnológica, apostando em biodiesel, biometano e veículos elétricos para atender às diferentes demandas do país, que possui uma vasta extensão territorial. Nucci explicou que o biometano é especialmente viável para trajetos médios, enquanto o diesel ainda predomina em longas distâncias, embora os veículos elétricos já estejam sendo testados para demandas específicas. A empresa, que já comercializou mais de 1.400 veículos a gás no Brasil, acredita que uma transição completa para VEs no transporte pesado exige um desenvolvimento robusto de infraestrutura, incluindo o aumento de postos de recarga rápida ao longo de corredores logísticos. “Há quarenta anos, se falava do pró-álcool, hoje o etanol já é uma realidade. E o gás segue o mesmo ritmo. Nós começamos há cinco anos, quando trouxemos os primeiros veículos a gás, a construir parcerias muito robustas com produtores e distribuidores de gás para criar o que a gente chama de corredores azuis”.
O Brasil vive um momento de transformação no setor automotivo com o avanço dos veículos eletrificados, conforme explica Thiago Sugahara, vice-presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) e gerente de ESG Stakeholders da GWM, montadora recém-chegada ao Brasil em 2023 . A GWM trouxe uma linha de veículos totalmente eletrificados, incluindo opções híbridas, híbridas plug-in, elétricas e, em breve, veículos a células de hidrogênio, o que amplia as diferentes tecnologias.
A ABVE conta com mais de 130 associados, que representam desde montadoras de automóveis e fabricantes de ônibus e caminhões elétricos até empresas de infraestrutura e componentes. Segundo Sugahara, essa diversidade é essencial para apoiar o ecossistema de veículos eletrificados no Brasil, que possui uma indústria automotiva tradicional, com mais de 57 fábricas e 28 montadoras. “É crucial que o Brasil participe desse movimento global de eletrificação, observando as mudanças que ocorrem no exterior e como elas impactam os mercados”.
Historicamente, a indústria optou pelo motor a combustão, que por décadas sustentou uma infraestrutura de remoção e transporte de combustíveis fósseis. No entanto, essa escolha trouxe impactos ambientais, como o aquecimento global. No Brasil, a eletrificação é vista como uma solução para mitigar esses efeitos e promover a descarbonização do transporte. Segundo dados do Global EV Outlook, o mercado de veículos eletrificados tem registrado crescimento exponencial nos últimos anos. Em 2023, aproximadamente 14 milhões de veículos eletrificados foram vendidos, representando 20% do total global.
Para Sugahara, a eletrificação não se limita a ser uma alternativa mais eficiente; ela representa um avanço estratégico na busca pela sustentabilidade. A eficiência dos motores elétricos, que podem converter até 95% da energia em movimento, contrasta com os motores a combustão, que perdem até 70% da energia gerada na forma de calor. “Cada tipo de tecnologia, como híbridos, híbridos plug-ins e veículos totalmente elétricos, desempenha um papel na redução das emissões de CO₂”.
Sugahara também destaca o potencial dos veículos a célula de hidrogênio, tecnologia que converte hidrogênio em eletricidade, emitindo apenas vapor d’água como subproduto. Esse tipo de veículo é particularmente interessante para transporte pesado e está em expansão em mercados maduros, como Coreia e China, com perspectivas de testes no Brasil. Para o vice-presidente da ABVE, cada passo dado no Brasil contribui para um futuro com menos poluição e mais eficiência energética, trazendo benefícios ambientais e redefinindo o papel do país no cenário da sustentabilidade.
A tecnologia de veículos movidos a hidrogênio foi outra possibilidade de energia sustentável debatido no painel. Francisco Kronemberger, diretor de Projetos da Criap, revela o projeto Hyundai Maker em desenvolvimento na rede pública de ensino de Piracicaba, interior paulista, próximo às instalações da montadora
Segundo Francisco, o programa da Criape Conectados do Bem, desenvolve o ensino da tecnologia de hidrogênio para aplicação em veículos. O foco é formar futuros profissionais em um mercado de energia que ainda enfrenta desafios de custo e infraestrutura”, acrescenta Francisco. Com investimento da Hyundai em pesquisa, o projeto aproxima os jovens do futuro sustentável, em um cenário global que busca soluções contra a dependência de combustível fóssil.
Para assistir do painel entre nesse link e receba o certificado de participação.