Na última quinta-feira (17), o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e o Acelerador de Transição Industrial (ITA) se reuniram para discutir o potencial de descarbonização da indústria no Brasil. Na sede da FIESP (Federação das Indústrias de São Paulo), evento contou com a participação de Rodrigo Rollemberg, secretário de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do MDIC, Faustine Delasalle, diretora-executiva do secretariado do ITA, Nelson Pereira dos Reis, diretor do Departamento de Desenvolvimento Sustentável da FIESP, e Rodrigo Santana, Diretor de Operações e Desenvolvimento da Atlas Agro.
Anunciada inicialmente em julho de 2024, a nova parceria entre MDIC e ITA solidifica a ambiciosa agenda de crescimento verde do Brasil, e considera que o país conta com uma base industrial significativa, abundância de recursos naturais e acesso à energia renovável de baixo custo. Isso coloca o Brasil em ótima posição para se estabelecer como potência global na produção de bens industriais verdes.
A primeira iniciativa a ser selecionada pelo ITA no país é da empresa Atlas Agro, que irá implementar um projeto inédito de construção da primeira fábrica de fertilizantes nitrogenados a partir do hidrogênio verde no Brasil. A expectativa é que a planta produza 530 mil toneladas de fertilizantes por ano e evite a emissão de mais de 1 milhão de carbono equivalente anualmente para a atmosfera.
“O ITA tem como objetivo apoiar empresas brasileiras e internacionais que pretendem investir em projetos industriais verdes no país, trabalhando com as partes interessadas em todas as cadeias de valor industriais e com o governo brasileiro para melhorar sua viabilidade e conectá-los aos financiadores. Estamos entusiasmados com a parceria com a Atlas Agro para ajudar a levar seu projeto Uberaba Green Fertilizer à decisão final de investimento. Esse projeto é um ótimo exemplo de um projeto industrial verde que pode beneficiar tanto o clima quanto a economia brasileira”, diz Faustine Delasalle, diretora executiva do ITA.
O Programa de Apoio a Projetos do ITA no Brasil fortalecerá iniciativas industriais de grande escala com potencial de descarbonização que podem ser aceleradas em direção a decisões-chave de investimento até a COP30 e entrar em operação até 2030.
Por meio do Global Project Tracker, a análise da Mission Possible Partnership (MPP) para o ITA, identifica 15 plantas industriais no Brasil alinhadas com a meta de zero emissões líquidas anunciadas que, se levadas à Decisão Final de Investimento (FID, na sigla em inglês) e combinadas com as que já estão operando ou na FID, aumentariam significativamente a contribuição do país na transição industrial global.
“A escolha do Brasil para ser o primeiro país de implementação da iniciativa ITA denota o reconhecimento da liderança do País em seus esforços para descarbonizar seus setores de indústria pesada e de transporte e aproveitar as oportunidades econômicas abertas pela transição industrial e energética em curso no Brasil e no mundo”, afirma o Secretário Rodrigo Rollemberg.
O potencial industrial na prática
O Brasil é uma referência global na produção de alimentos, mas ainda importa mais de 85% dos fertilizantes, o que faz com que o país seja dependente de cenários externos e que a produção nacional desses insumos ganhe ainda mais relevância. “Hoje o país tem a oportunidade de assumir um protagonismo mundial na nova indústria sustentável de fertilizantes, promovendo mais valor às commodities brasileiras, aumentando a competitividade no ambiente internacional ao mesmo tempo fomentando maior segurança alimentar de forma sustentável”, esclarece Rodrigo Santana.
“Além de estimular e desenvolver a produção local de fertilizantes com baixa pegada de carbono, nosso papel se une aos objetivos da plataforma ITA, no esforço conjunto de promover a transição energética, principalmente em setores de difícil descarbonização, que é o caso dos fertilizantes”, acrescenta o executivo. Fundada em 2021, a Atlas Agro tem como objetivo ser a líder global em fertilizantes de nitrogênio de baixo carbono, inspirando a concorrência baseada em combustíveis fósseis a seguir pelo mesmo caminho e inaugurando uma nova era na agricultura, que apoie a produção robusta de alimentos, a saúde de longo prazo do planeta e o desenvolvimento econômico nas comunidades