A busca por uma vida saudável e sustentável vem ganhando espaço para aqueles que buscam contribuir para a preservação do meio ambiente. Atitudes que diminuem a pegada ecológica, que preservem a biodiversidade e os recursos naturais, garantem a construção de um futuro mais equilibrado e um planeta saudável para as próximas gerações.
A Pesquisa Vida Saudável e Sustentável 2024, elaborada pelo Instituto Akatu e GlobeScan, e apoiada pelo Grupo In Press, foi apresentada no Fórum Akatu-FIA de Sustentabilidade, que reuniu executivos, em São Paulo, em diferentes painéis para falar sobre consumo consciente, celebrado no dia 15 de outubro.
O estudo ouviu brasileiros das cinco regiões do país e apontou que o custo dos produtos com atributos de sustentabilidade permanece como a principal barreira para se ter uma vida mais sustentável. Em um país onde apenas 8,1% da população recebe três ou mais salários-mínimos por mês1, a prioridade é manter o frágil equilíbrio do orçamento familiar, sem espaço para escolhas que não coloquem o preço em primeiro lugar. Ao mesmo tempo, em comparação com os outros 30 países que fazem parte da pesquisa, os brasileiros estão entre os consumidores que mais anseiam por um estilo de vida mais saudável e sustentável, sempre com maior adesão a comportamentos e atitudes sustentáveis acima da média global.
A pesquisa faz um mergulho nestes desejos e entrevistados de todo o Brasil apontam que ser sustentável demanda tempo, sair do conforto e / ou mudar o estilo de vida. “O preço é o atributo que resta em comparabilidade, quando os produtos e serviços não demonstram particularidades de valor e de impacto positivo para o meio ambiente e social”, comenta Lucio Vicente, diretor-geral do Akatu.
O estudo também apontou que a visão coletiva ou social é camuflada pelo foco em si, para garantir o próprio futuro, o sucesso pessoal ou familiar. Quando o assunto são as crises socioambientais, saídas coletivas são pouco mencionadas e quando falam sobre possíveis ações individuais impera a desconfiança sobre sua efetividade. Eis mais um aspecto que sobrecarrega cada um, inclusive psicologicamente. Aqui aparecem a culpa (não saber o que fazer, não conseguir encaixar na rotina), a falta de motivação e até a ansiedade climática.
Quando questionados sobre a crise climática, os respondentes, independentemente da região, demonstraram pouco conhecimento dos impactos causados, além do aumento das temperaturas e da incerteza das estações do ano. Diz Vicente: “Percebe-se que a instabilidade climática foi incorporada nas rotinas e passou a ser vista como normal. As consequências são os maiores gastos com água e energia elétrica (muito calor, necessidade de vários banhos e uso de ar-condicionado). Para além do fator clima, associações simplistas aparecem nas outras questões ambientais influenciadas pela percepção de que se trata de problemas distantes, para o futuro”.
O executivo reforça a importância de conscientizar. “Mais do que isso, precisamos ajudar a colocar em prática formas de consumir melhor, de maneira consciente, fazendo com que o indivíduo se sinta um agente da mudança, sensibilizado, mobilizado e engajado”, diz Vicente.
Segundo Álvaro Almeida, diretor da GlobeScan no Brasil, pouquíssimos entrevistados souberam fazer uma relação direta entre crise climática (ou modelos de produção e consumo vigentes ou mesmo ações humanas) e as enchentes que alagaram a região metropolitana de Porto Alegre entre abril e maio de 2024. “Para muitos entrevistados, a catástrofe está relacionada à falta de infraestrutura e ao manejo inadequado de resíduos. Essa terceirização também aparece em outras questões socioambientais. Dessa forma, os consumidores ouvidos não acreditam que o caso despertará a população para a adoção de hábitos mais sustentáveis. Isto reforça a necessidade de um esforço de educação, tendo como base a voz qualificada dos cientistas, que são reconhecidos pelos consumidores no próprio estudo como as fontes mais confiáveis”, explica Álvaro.
Barreiras identificadas por região
A falta de interesse em práticas sustentáveis e/ou a falta de informação e conscientização sobre práticas sustentáveis, observadas principalmente em entrevistados do Norte, Centro-Oeste e Sul.
A infraestrutura deficiente (de lixeiras, caminhões de coleta etc.), barreira ressaltada por participantes do Nordeste e Sudeste.
A falta de acesso a opções sustentáveis, mencionada por entrevistados do Norte, Centro-Oeste e Sul.
O fato de fazer muito frio ou muito calor onde vivem, obstáculo citado por participantes do Norte, Centro-Oeste e Sul.
Atitudes de quem pensa em mudar
Para os brasileiros que implantaram alguma mudança na rotina, 59% dos entrevistados disseram ter ações para evitar o desperdício de alimentos; 39% utilizam menos água e 30% buscam informações sobre como produtos e serviços adquiridos afetam as mudanças climáticas.
A pesquisa também apontou que 23% passaram a caminhar ou utilizar a bicicleta como meio de locomoção, enquanto 19% utilizam o transporte público para se deslocar.
“Viver de forma sustentável envolve fazer escolhas conscientes. Não à toa a educação contínua sobre sustentabilidade ajuda a tomar decisões inteligentes e a inspirar outras pessoas a fazer o mesmo. Cada pequena ação conta e, quando somadas, podem gerar um impacto significativo”, finaliza Vicente.