A presença de mulheres no mercado de tecnologia é um tópico complexo e multifacetado, que reflete uma série de questões sociais, culturais e econômicas.
Historicamente, a participação das mulheres no mercado de trabalho começou a se expandir apenas nas últimas décadas. Mesmo assim, elas ainda enfrentam limitações e são frequentemente categorizadas em setores e posições consideradas “adequadas” para elas, sobretudo no setor tecnológico, que ainda é uma área dominada predominantemente por homens.
Estereótipos de gênero, falta de representatividade, conciliação entre carreira e maternidade, além de crenças limitantes, síndrome da impostora, “teto de vidro” e dificuldade na busca por qualificação são alguns dos principais fatores que tornam a presença feminina reduzida neste setor.
Ainda que tenhamos tido avanços significativos – dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) mostram que, entre 2015 e 2022, houve um aumento de 60% na participação feminina no setor de tecnologia -, as mulheres seguem representando apenas 12,3% das posições, enquanto os homens ocupam 83,3% dos cargos.
Já o levantamento do Women in Technology mostra que na América Latina a presença feminina em posições de liderança no setor é inferior a 30%.
Fato é que essa discriminação criada pela sociedade só poderá ser mudada com anos e anos de muitas ações de fomento e desenvolvimento de projetos focado em mulheres, levando informação, conhecimento, inspiração e apoio. Segundo a ONU, serão necessários 300 anos para o mundo atingir a igualdade de gênero, visto que após a pandemia essa igualdade está desaparecendo diante dos nossos olhos (antes a estimativa era de 130 anos).
Em 2016, a executiva Cecilia Marshall criou o projeto #SerMulheremTech, coletivo feminino com o propósito de inspirar e instigar o interesse de meninas e mulheres no setor de tecnologia, mostrando todas as possibilidades que uma carreira nesse segmento oferece e auxiliando-as a ingressar profissionalmente na área.
Em setembro de 2023, há um ano, deixamos de ser um grupo de mulheres bem-intencionadas e nos tornamos oficialmente uma Associação sem fins lucrativos, um passo importante e que nos possibilita criar mais projetos, ampliando nosso leque de parcerias e patrocinadores.
O objetivo de apoiar e inspirar mulheres e meninas continua, mas os sonhos aumentam diante de novas iniciativas e entregas mais sólidas e em constante expansão. Para tal, temos um time estruturando todo o planejamento estratégico com base nos nossos 3 pilares principais, que chamamos de 3 “I’s”: inspirar, impulsionar e influenciar.
Nosso carro-chefe segue sendo a Mentoria, um programa que conecta meninas e mulheres com executivas de referência no setor, compartilhando seu conhecimento e experiência e mostrando caminhos e formas de atingir seus objetivos dentro de suas possibilidades.
No ano passado, atendemos 42 mulheres; já no primeiro semestre de 2024, batemos a marca de 70, confiantes que até o final do ano chegaremos ao número de 100 mentoradas, atingindo mais que o dobro do ano anterior. E o nosso objetivo é conseguir atender muito mais, ampliando a nossa rede de mentoras e de patrocinadores, que já inclui profissionais e empresas de referência no mercado, como a Softtek, Leega e Blend IT/Kron, além dos nossos parceiros ATRA Advogados e Vianews.
Como próximos passos, temos ainda em nosso radar a expansão de eventos com as ONGs que já apoiamos, conectando parceiros e focando em possibilidades para que as meninas abaixo de 18 anos, que ainda não definiram seu futuro profissional, possam sonhar com novas possibilidades.
Queremos também ter uma atuação maior no mês da Mulher, e lançar o 2° volume do nosso livro em breve, em continuidade ao que já temos publicado.
São muitos sonhos e planos, e temos uma longa jornada pela frente. Porém, como juntas somos mais fortes, temos certeza de que venceremos quaisquer obstáculos, discriminações e paradigmas, por meio de novos patrocínios e parcerias com empresas e executivos(as) que também sonham em construir um mundo melhor para as próximas gerações.
Silvana Fumura, CEO e co-fundadora da Associação #SerMulherEmTech
