quinta-feira, setembro 19, 2024

Brasil pode ser um hub de soluções climáticas, criando oportunidades de investimentos de até US$ 3 trilhões até 2050, aponta BCG 

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Durante o Brazil Climate Summit 2024, realizado em Nova York dia 18 de setembro, o Boston Consulting Group (BCG), parceiro de conteúdo do evento, divulgou um estudo intitulado Seizing Brazil’s Climate Potencial, mostrando que o país tem a oportunidade de atrair até US$ 3 trilhões em investimentos até 2050 e se tornar um hub global de soluções climáticas.

De acordo com o relatório, o cenário atual de emissões de gases de efeito estufa (GEE) pode resultar em graves perdas sociais, naturais e econômicas, com impactos como aumento do nível do mar, secas mais longas e expansão dos danos causados por inundações. Como o Brasil é o 5º maior emissor de GEE – com cerca de 70% proveniente do setor de Agricultura, Florestas e Uso do Solo (AFOLU) –, é uma peça fundamental para o alcance das metas globais de neutralidade climática.

“O Brasil possui vantagens competitivas para liderar a transição climática, com destaque para soluções baseadas na natureza, biocombustíveis, energia renovável, agricultura sustentável e produtos industriais de baixa emissão. Contudo, apesar de deter a maior área florestal do mundo, o país ainda enfrenta desafios, como o desmatamento ilegal, especialmente na Amazônia. Por isso, este será um foco essencial da atualização das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, em inglês) em linha com o Acordo de Paris, buscando zerar o desmatamento ilegal até 2028 e alcançar a neutralidade climática até 2050”, comenta Arthur Ramos, diretor executivo e sócio do BCG.

Segundo o executivo, atingir as metas de neutralidade de carbono é imperativo para alinhar-se à demanda global por descarbonização, mas o país ainda precisa eliminar o desmatamento ilegal e progredir em planos setoriais. Além disso, é crucial desenvolver medidas e ações concretas de adaptação e resiliência para enfrentar os impactos crescentes das mudanças climáticas observados nos últimos anos.

Potencial brasileiro 

A pesquisa aponta que o Brasil possui o maior potencial global para soluções baseadas na natureza (NBS), podendo mitigar até 1 GtCO2e por ano até 2030, que podem gerar até US$ 70 bilhões em receitas com a venda de créditos de carbono provenientes dessas soluções.

No setor de agricultura, a recuperação de pastagens degradadas, que ocupam cerca de 100 milhões de hectares, surge como uma solução promissora para expandir a produção de alimentos e bioenergia, integrada a reflorestamento, atendendo à crescente demanda global de agricultura sustentável.

Além disso, impulsionado pela disponibilidade de energia renovável e custos competitivos, pode se tornar dominante no mercado de hidrogênio verde (H2V). Atualmente, o país já conta com aproximadamente 88% de sua matriz de geração elétrica proveniente de fontes renováveis, em comparação à média global de cerca de 29%, e possui grandes oportunidades em novas tecnologias como biocombustíveis avançados.

Conforme apresentado pelo BCG, a competividade e baixas emissões da matriz energética brasileira também podem fazer do país um destino atrativo para empresas que buscam reduzir a pegada de carbono de suas operações e, assim, trazer a demanda para investimentos em data centers, impulsionada pela inteligência artificial (IA).

O estudo destaca ainda a oportunidade de o Brasil se consolidar como uma potência em biocombustíveis, graças à sua liderança na produção de etanol e biodiesel, à alta produtividade agrícola e à grande disponibilidade de biomassa, o que viabiliza a expansão dos biocombustíveis de segunda geração. O país também conta com vastas áreas de terras degradadas que permitem a expansão sustentável de cultivos, apoiando a produção de combustíveis avançados como SAF (combustível de aviação sustentável), diesel renovável (HVO) e gás natural renovável (biometano), atendendo à crescente demanda global por combustíveis mais limpos para aviação, transporte pesado e indústria.

“Para aproveitar plenamente seu potencial, o Brasil precisa combinar políticas setoriais, regulação e ambientes de negócios que impulsionem os investimentos em soluções climáticas, mobilizar capital privado para financiar a transição verde, além de investir em medidas para proteger a população, a economia e os ecossistemas dos impactos crescentes dos eventos climáticos extremos”, complementa Ramos.

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