quinta-feira, setembro 19, 2024

Instituto Família Barrichello passará a atuar em projetos de combate à fome e sustentabilidade com comunidades tradicionais

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Rubens Barrichello é um nome que ressoa com grande força na história do automobilismo mundial. Com uma carreira que se estendeu por 19 anos, ele deixou uma marca permanente na Fórmula 1. Fora das pistas, ele também tem se dedicado a causas sociais.

Em 2005, fundou o Instituto Família Barrichello que surgiu do desejo de transformar a vida das pessoas, especialmente crianças e jovens, por meio do esporte e da educação. O piloto, que cresceu na periferia de São Paulo, sempre acreditou na capacidade do esporte de mudar realidades e realizar sonhos.

Nos 19 anos de existência, o IFB beneficiou mais de 20 mil famílias com projetos voltados ao esporte, lazer e educação, sendo reconhecido pela Nike do Brasil, com uma premiação em 2022 pela atuação em comunidades vulneráveis na pandemia da Covid-19.

Agora, a missão do Instituto Família Barrichello ganhou uma nova diretriz: promover o desenvolvimento sustentável e a segurança alimentar em comunidades tradicionais, primeiramente, indígenas e quilombolas. Motivado pela necessidade urgente de atender populações que, embora produzam seus alimentos, ainda enfrentam desafios para manter a sustentabilidade de suas práticas agrícolas e garantir a segurança alimentar.

Segundo Cláudia Alexandre, presidente do Instituto Família Barrichello, a ideia é fazer a diferença onde há menos organizações dedicadas, isto é, nos locais que abrigam as comunidades tradicionais, indígenas e quilombolas, por exemplo, que, por vezes, ficam em segundo plano em projetos sociais para o combate à fome. Ela terá a seu lado o piloto Fernando Barrichello, filho caçula da família, que assumiu a vice-presidência do IFB, com uma equipe multidisciplinar de consultores e especialistas em sustentabilidade, governança, ESG, diversidade, organizações não governamentais e projetos sociais.

Durante o último Fórum Político de Alto Nível 2024, realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, o Brasil reconheceu diante da comunidade global a importância das comunidades tradicionais, rurais e urbanas, ressaltando que a proteção social e ambiental é fundamental para o combate à fome, sendo essa população a que mais sofre com a insegurança alimentar.

“Por enquanto vamos atuar em áreas de quilombos e aldeias indígenas, que já estejam reconhecidas e com representação jurídica ou associativa, mas já temos mapeadas outras comunidades tradicionais. O foco do Instituto será as pessoas que têm uma relação com a produção do seu próprio alimento e enfrentam dificuldades para atingir a autossustentabilidade”, afirma a presidente.

Claudia Alexandre, é gestora de políticas públicas e especialista em relações étnico raciais. Ela esteve à frente do processo de redirecionamento do IFB, que teve início em junho de 2023, quando aceitou o desafio de conduzir o Projeto Fome Zero Integral e Sustentável. Os objetivos foram definidos visando apoiar a erradicação da fome, a partir de boas práticas de agricultura familiar e sustentável, alinhando-se aos princípios do ODS 2 da ONU (Fome Zero e Agricultura Sustentável).

As ações serão inicialmente implementadas através do Projeto Karu, que terá início na aldeia tupinambá da Serra do Padeiro, localizada no sul da Bahia, e na Aldeia Tekoa Pyau, situada no Parque Jaraguá, zona oeste de São Paulo, onde residem 344 pessoas, sendo 153 adultos, 82 jovens e 109 crianças, todas em situação de vulnerabilidade e insegurança alimentar. Paralelamente, o Projeto Aquilombar também será lançado, com foco em comunidades quilombolas. Ambos os projetos atuarão em seis frentes de atendimento social: agricultura familiar, saúde, educação e tecnologia, esporte, cultura e economia criativa.

Além de combater a fome, o Instituto quer criar um ambiente onde os locais possam prosperar, preservando suas tradições e garantindo o bem-viver integral. A instituição acredita que o sucesso depende de uma abordagem integrada e colaborativa.

Neste momento, já está em implementação o Programa Mudança Sistêmica Fome Zero e Segurança Alimentar, junto a empresas e investidores sociais, visando ampliar a rede de atuação, a sensibilização social, além de inspirar novas atitudes que promovam mudanças sustentáveis nos ecossistemas locais.

“Juntos podemos deixar a fome para trás”

Para potencializar a atividade dos novos projetos, a instituição está se aliando a financiadores que compartilham a visão de transformar os sistemas de filantropia existentes. Por enquanto, o próprio Rubinho Barrichello vem acionando sua rede de contatos atrás de recursos que não apenas resolvam problemas emergenciais, mas que promovam transformações sustentáveis e duradouras.

“Estou muito feliz por continuar impactando a vida de muitas famílias, especialmente no combate à fome, à pobreza e à miséria. Acredito que é hora de mudar o sistema de filantropia, substituindo o assistencialismo por soluções sustentáveis. Desde 2005, quando comecei meu trabalho com projetos sociais, tenho beneficiado crianças, jovens e idosos em diversos centros urbanos. Agora, quero expandir essa atuação para oferecer não apenas comida, mas também sustentabilidade e bem-estar a mais famílias. Para isso, estou buscando apoio de amigos, parceiros e empresas para enfrentar a fome de forma integral, focando em sustentabilidade e segurança alimentar. Acredito que ensinar as pessoas a se sustentarem é a melhor forma de garantir uma vida digna a longo prazo. Porém, sei que não posso fazer isso sozinho. Por isso, quero formar uma grande rede de solidariedade e cooperação para transformar a vida de milhões de pessoas. Esse é o propósito do Instituto Família Barrichello”, declara Rubens Barrichello.

O piloto conheceu a dinâmica desses territórios, em 2022 quando visitou pela primeira vez a aldeia Tupinambá da Serra do Padeiro, no sul da Bahia. “Ele ficou surpreso quando viu uma comunidade bem estruturada, com internet, rádio comunitária, escola, alojamento para professores e, tudo isso, funcionando com respeito aos saberes tradicionais. O posto de saúde, por exemplo, só foi instalado depois de muita negociação com o cacique, para garantir que a parteira, a rezadeira e as mulheres que fazem o chá na aldeia não fossem excluídas da função do cuidado com as famílias do local.”

Para Barrichello, que já fez história nas pistas, agora é o momento de deixar um legado ainda maior fora delas, promovendo o desenvolvimento das comunidades mais vulneráveis do Brasil. “Assim como ele superou desafios para se tornar um dos maiores do mundo, é possível transformar a realidade de muitas pessoas com iniciativas que promovam uma sociedade mais justa e sustentável”, conclui a presidente do IFB.

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