terça-feira, setembro 17, 2024

Contribuição da TI para sustentabilidade: a jornada é longa, mas o Planeta agradece

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A TI está mais conectada do que nunca. Primeiro aos negócios e agora ao meio ambiente como um todo. Há alguns anos, com o movimento de transformação digital assistimos à aproximação entre TI e Negócios. Agora, enxergamos um horizonte ainda mais amplo com organizações e mercado dando cada vez mais importância à sustentabilidade. Parece existir um novo espaço para a colaboração da TI nas empresas – a transformação para organizações mais sustentáveis.

Os executivos de TI já enxergam esse movimento de maneira clara e positiva. No estudo CIO Report 2024 da Logicalis, que entrevistou mais de mil executivos ao redor do mundo e cerca de 100 CIOs no Brasil, são apresentados alguns dados interessantes. A pesquisa revela que 97% dos respondentes acreditam que suas organizações estão aumentando os investimentos em ações e tecnologias para sustentabilidade, e 94% acreditam que TI é fundamental para o sucesso de iniciativas de sustentabilidade.

Há uma clareza de que a sinergia entre TI e Sustentabilidade pode ser muito positiva para o avanço da inovação e para impulsionar a colaboração nas empresas. Porém, também há uma jornada árdua de trabalho pela frente.

Recentemente, liderei um encontro com mais de dez gestores de empresas de segmentos variados envolvidos com sustentabilidade no Brasil. Na ocasião, ponderamos algumas hipóteses sobre desafios e oportunidades da TI como colaboradora para o avanço do tema.

Entre os pontos discutidos pelos participantes, um foi unanimidade: a sustentabilidade precisa ser tratada como um objetivo fundamental para todas as áreas, não só para os gestores de ESG ou TI. Isso porque, em maior ou menor grau, os impactos ambientais podem ser causados por toda a empresa. Antes mesmo de envolver a tecnologia, as organizações precisam colocar a sustentabilidade como meta geral de todas as áreas.

Um desafio derivado dessa abrangência é que a sustentabilidade é impactada não só pelas áreas da empresa, mas também de seus parceiros – sejam eles canais de venda e distribuição ou fabricantes, prestadores de serviço e operadores logísticos. O CIO Report mostra que essa questão já é uma preocupação: 94% dos respondentes afirmam que em suas organizações é importante avaliar as credenciais de sustentabilidade de novos parceiros. Além de conseguir gerar ações e impacto em toda a empresa é necessário poder monitorar e contribuir com a cadeia como um todo.

Neste panorama, surge um desafio crítico, mas também a maior possibilidade de contribuição da tecnologia para o tema: viabilizar a criação de uma arquitetura e governança de dados para garantir a gestão eficiente de toda cadeia. Explico, a coleta de dados, análise e reporte dos indicadores apresentam uma complexidade enorme no cenário de sustentabilidade, pois muitos controles ainda são manuais e não são integrados (principalmente para o caso dos parceiros). Felizmente, observamos que a questão de analytics vem ganhando sólida maturidade e pode contribuir de maneira muito positiva.

Acredito que estamos diante de um cenário de “ganha-ganha”: uma organização que invista em tecnologia para gestão de sustentabilidade também ganhará, indiretamente, maturidade para uma gestão mais transparente e ágil de suas ações e indicadores, conseguindo assim ser mais competitiva em seu mercado. A sustentabilidade para o meio ambiente se funde com a sustentabilidade perante a competição.

Além da gestão de dados, enxergo oportunidades de contribuição da TI de forma direta, com a busca de soluções – equipamentos, software e infraestrutura – mais eficientes em termos de consumo energético e de emissões ao longo de seu ciclo de vida, e com soluções que ajudam na redução de emissões, como os workplaces para trabalho remoto. Além disso, há plataformas de gestão de ações de sustentabilidade, que já possuem casos de uso comuns pré-configurados e módulos de gestão de programas para registro, acompanhamento e reporte das ações de sustentabilidade. Esse arcabouço tecnológico pode e deve ser mais bem explorado.

Por outro lado, ainda existe uma percepção de distanciamento entre as agendas e atuação conjunta. Seja TI entendendo mais de sustentabilidade, ou sustentabilidade entendendo mais como a TI pode contribuir. As agendas ainda não convergiram de maneira robusta.

Há muitos desafios e trabalho pela frente, mas vislumbro um universo de oportunidades de colaboração. Os beneficiários dos resultados positivos dessas parcerias não são apenas as organizações que as implementam, mas o meio ambiente como um todo. A jornada é longa, mas só temos a ganhar. O Planeta agradece!

Yassuki Takano, diretor de consultoria da Logicalis.

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