quinta-feira, novembro 21, 2024

Automação e IA podem compensar queda de receitas de trabalhadores, diz OIT

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A OIT revela que rendimento global do trabalho diminui, colocando pressão ascendente sobre a desigualdade; estudo em 36 países revela haver grande parte de jovens ainda fora do emprego, do ensino e das oportunidades de treinamento.

Um estudo das Nações Unidas destaca que houve uma queda de 0,6% na renda do trabalho global de 2019 a 2022. A análise realizada em 36 países revela que, desde então, o nível permaneceu estável aumentando a pressão sobre a desigualdade.

O relatório Perspectivas do Mercado Global de Trabalho recomenda que os países criem políticas abrangentes para garantir que os benefícios do progresso tecnológico sejam amplamente compartilhados.

Automação e inteligência artificial

A publicação da Organização Internacional do Trabalho, OIT, indica que a tendência global de redução de salários em economias altamente industrializadas pode ser impulsionada, pelo menos temporariamente. As sugestões são acelerar o uso de inovações tecnológicas como automação e inteligência artificial.

Para a vice-diretora-geral da OIT, Celeste Drake, “mesmo que os trabalhadores contribuam para uma economia global crescente, eles estão levando para casa uma parcela menor desse aumento”. Ela alertou que tem diminuído a parcela global da renda do trabalho, ou a proporção total do rendimento global que vai para os trabalhadores. Drake defende que essa situação seja alterada “porque está aumentando a desigualdade, o que terá um efeito desproporcional sobre os trabalhadores.”

O declínio aparentemente modesto na receita representa um déficit anual na renda de cerca de US$ 2,4 trilhões e segue a queda a longo prazo de 1,6% prevista para o período entre 2004 e 2024. Quase 40% dessa redução aconteceu nos três anos da pandemia, entre 2020 e 2022.

Produção laboral por hora

O estudo revela que embora a produção tenha aumentado nas últimas duas décadas, o rendimento não acompanhou esse ritmo. Entre 2004 e 2024, a produção laboral por hora aumentou em 58%.

Para o chefe da Unidade de Produção e Análise de Dados da OIT, Steven Kapsos, “essa é uma tendência muito positiva e uma grande produção”. No entanto, no mesmo período, o ganho aumentou apenas 53%.

Uma das principais recomendações das Perspectivas do Mercado Global de Trabalho é uma intervenção política dos governos diante dos avanços na IA generativa que “poderia exercer mais pressão descendente” sobre os salários.

Nesse sentido é essencial “um esforço dos países para reduzir essas desigualdades de acordo com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS, quando se em meio a lentas perspectivas econômicas em nível global.

Tendência de aumento da desigualdade até 2030

Com a redução dos níveis de inflação nos últimos dois anos, a renda do trabalho estagnou afetando a recuperação.

A OIT sugere aos governos que superem essa tendência de aumento da desigualdade até 2030 de forma alinhada aos ODS, com medidas incluindo proporcionar proteção social universal aos trabalhadores e um salário-mínimo decente.

Entre 2004 e 2024, a produção laboral por hora aumentou em 58%© OIT Entre 2004 e 2024, a produção laboral por hora aumentou em 58%

Drake sugere a promoção de políticas nacionais de apoio à liberdade de associação e o reconhecimento da negociação coletiva “para que trabalhadores e empregadores possam negociar como compartilhar esses ganhos de produtividade.”

Queda modesta no nível global de jovens não empregados

O relatório revela ainda uma queda modesta no nível global de jovens não empregados de 21,3% em 2015 para os 20,4% observados neste ano.

O mundo árabe apresenta um terço dos desempregados, a proporção mais alta do mundo. A seguir está África com quase um quarto, um nível que se mantém inalterado por duas décadas.

A falta de emprego na região da Ásia e Pacífico afeta um quinto dos integrantes desta faixa etária, quase o mesmo patamar que a América Latina e Caribe. Já na Europa e na Ásia Central, a proporção é de um sexto. Por último está a América do Norte com mais de 10%.

Entre jovens do sexo feminino, o desemprego afeta quase um terço e continua mais do dobro do nível entre os do sexo masculino.

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