As smart cities têm transformado a vida urbana ao integrar tecnologia e inovação em diversos aspectos do cotidiano. Essa revolução não se limita apenas à conveniência e eficiência, mas também busca promover a inclusão e o bem-estar de todos os cidadãos, incluindo os idosos. À medida que a população envelhece, torna-se essencial criar ambientes urbanos que atendam às necessidades específicas dessa faixa etária, garantindo qualidade de vida e segurança.
A introdução de novas tecnologias em hospitais para prevenir quedas de pacientes idosos é um dos exemplos de como podemos utilizar a tecnologia a nosso favor. Esse projeto-piloto visa a prevenção de quedas e lesões por pressão ao utilizar sensores sem fio que monitoram os movimentos dos pacientes. Quando um paciente está em risco de queda, o sensor envia um alerta imediato aos profissionais de saúde, permitindo uma intervenção rápida e eficaz. Essa iniciativa não apenas demonstra o potencial das tecnologias de inteligência artificial em ambientes de saúde, mas também destaca a importância de soluções proativas para problemas comuns enfrentados pelos idosos. As quedas são uma das principais causas de lesões entre pessoas idosas, e a capacidade de prevenir esses incidentes pode melhorar significativamente a qualidade de vida e reduzir os custos de saúde associados.
Além de hospitais, as smart cities podem integrar tecnologias similares em outros espaços, como centros comunitários, transportes públicos e áreas de lazer. Sensores e sistemas de monitoramento podem ser utilizados para garantir a segurança, oferecendo assistência imediata em caso de necessidade. Por exemplo, paradas de autocarros equipadas com sensores de movimento podem alertar motoristas sobre a presença de idosos, garantindo que tenham tempo suficiente para embarcar e desembarcar com segurança.
Outro aspecto importante é a acessibilidade digital. Garantir que os idosos tenham acesso às tecnologias de informação e comunicação, além de promover a inclusão digital, devem ser ações colocadas em prática. Iniciativas como programas de alfabetização digital e interfaces simplificadas para aplicativos essenciais podem capacitar os idosos a utilizar serviços digitais, desde a marcação de consultas médicas até a interação com plataformas de redes sociais.
Para além das inovações tecnológicas, a inclusão dos idosos também requer políticas públicas eficazes e a participação ativa da comunidade. Conselhos municipais e fóruns de discussão que envolvam diretamente os idosos são essenciais para garantir que suas necessidades e preocupações sejam ouvidas e atendidas. A criação de espaços onde os idosos possam participar de decisões que afetam suas vidas promove não apenas a inclusão, mas também a cidadania ativa.
Programas de saúde preventiva são outra área crucial. Em vez de se concentrar exclusivamente em tratamentos reativos, estas cidades podem implementar programas que incentivem a prática de atividades físicas, alimentação saudável e monitoramento regular de saúde. Estes programas podem ser facilitados por tecnologias como wearables que monitoram sinais vitais e apps que oferecem orientação personalizada de saúde.
A manutenção de uma vida economicamente ativa para os idosos também é um fator essencial para sua inclusão nas smart cities. Iniciativas que promovam o emprego e o empreendedorismo entre os idosos podem ser altamente benéficas. A criação de programas de requalificação profissional, apoio a pequenos negócios e incentivos fiscais para empresas que contratam pessoas da terceira idade são exemplos de como as políticas públicas podem ajudar a manter esse público economicamente ativo.
Em Copenhague, por exemplo, a plataforma digital “Citizen Lab” permite que idosos participem de consultas públicas e ofereçam suas opiniões sobre projetos urbanos. Na cidade de Nova York, o programa “Age-friendly NYC” utiliza workshops e grupos focais para envolver os idosos em decisões comunitárias, enquanto em Seul, o uso de aplicativos móveis como “Seoul Smart Senior” facilita o feedback e a comunicação direta entre idosos e autoridades municipais.”
Por fim, acredito que as cidades inteligentes têm o potencial de transformar a vida dos idosos, promovendo inclusão, segurança e bem-estar por meio da tecnologia e de políticas públicas eficazes. Projetos-piloto como a utilização de sensores sem fio em hospitais para prevenir quedas de pacientes são apenas o começo. À medida que continuamos a integrar inovação tecnológica e a desenvolver instrumentos de inclusão social comunitária, garantimos que todos os cidadãos, independentemente da idade, se beneficiem dessas mudanças, construindo um futuro mais inclusivo e seguro.
Thomas Law, doutor em Direito Comercial pela PUC-SP, com pós-doutorado na USP e sócio proprietário do escritório de advocacia que leva seu nome. Fundador do hub de inovação Ibrawork, é reconhecido por sua contribuição na interseção entre o campo jurídico e a inovação, integrando o poder público, a iniciativa privada e as universidades, especialmente na área de smart cities.