sábado, setembro 7, 2024

IA e ESG: um compromisso necessário para CEOs de tecnologia

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Não é segredo que a inteligência artificial emergiu como força transformadora em todos os setores da economia global. Nós, líderes de tecnologia, testemunhamos em primeira mão os impactos profundos da IA nos negócios e na sociedade. No entanto, à medida que avançamos em direção a um futuro cada vez mais orientado por esta ferramenta, é imperativo que reconheçamos e integremos os princípios ESG (Environmental, Social and Governance) em nossas estratégias e operações.

O ESG já se estabeleceu como um quadro essencial para a gestão responsável. Prova disso é que, conforme dados da Amcham Brasil, sete em cada dez empresas brasileiras já adotam ações de responsabilidade ambiental, social e de governança. Cada vez mais o elemento de governança ganha destaque, enfatizando a importância da gestão ética e transparente nas instituições. Somos incentivados a incorporar os princípios do ESG em nossa missão e práticas diárias. Repito: práticas, não promessas.

Primeiro, vamos abordar a dimensão ambiental. Sabemos que a implementação da IA pode aumentar significativamente o consumo de energia e os impactos ambientais, especialmente se não forem adotadas práticas sustentáveis desde o início do desenvolvimento. Diante desse cenário, devemos garantir que seja implementada de forma ecologicamente responsável, utilizando energia de forma eficiente e minimizando o desperdício.

Além disso, devemos considerar os impactos sociais da tecnologia. A IA pode ser considerada uma ferramenta poderosa para promover a inclusão e a igualdade, de forma a diminuir diferenças no setor educacional. Seu bom uso derruba barreiras linguísticas, por meio da tradução e interpretação simultânea, e promove a autonomia de pessoas com deficiência ao oferecer soluções como leitores de tela, softwares de reconhecimento de voz e interfaces controladas.

No entanto, é preciso estar atento à coleta tendenciosa de dados e informações. Algoritmos mal projetados podem perpetuar estereótipos e preconceitos enraizados na sociedade. A discriminação algorítmica provoca graves consequências para indíviduos e grupos marginalizados, desde a violação de direitos humanos fundamentais até a negação de acesso a serviços de crédito, moradia, emprego e educação.

Se por um lado a ferramenta pode aprimorar a governança corporativa, impulsionando a eficiência e a solidez das empresas, por outro, questões éticas que envolvem produção de conteúdo real e autoral representam sérias ameaças relacionadas a compliance. Para contornar tais desafios, requer-se a existência de um marco legal adequado para regular o desenvolvimento e a utilização de sistemas de IA, além da atualização das leis e regulamentações para acompanhar o crescimento acelerado da inovação.

Verdade seja dita, a IA e o ESG não são apenas complementares, mas interdependentes. Temos a responsabilidade de garantir que a inteligência artificial seja desenvolvida e implementada de forma ética e sustentável, priorizando os interesses das pessoas e do planeta. Quando feito da forma correta, podemos testemunhar a redução de custos operacionais, o aprimoramento da reputação da marca, a atração e retenção de talentos, a mitigação de riscos e o aumento da inovação.

Meu conselho para outros CEOs é: priorizem a integração de IA com objetivos ESG como parte fundamental da estratégia de negócios. Isso não apenas fortalecerá a posição competitiva da empresa, mas também contribuirá para um futuro melhor. Vale dizer que é crucial envolver todas as partes interessadas, incluindo funcionários, clientes, investidores e comunidades, para garantir o sucesso da jornada. Além, é claro, de manter o compromisso com a responsabilidade e melhoria contínua em longo prazo.

Abracem esse compromisso e, consequentemente, estarão fortalecendo suas marcas e moldando um futuro mais justo, sustentável e próspero para todos!

Vitor Roma, CEO da keeggo, consultoria de tecnologia. Formado em Economia e Finanças, com mestrado em Administração pelo Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC). Em sua trajetória profissional, teve passagens no Clube de Regatas Vasco da Gama e na Ikesaki. Além disso, foi fundador e sócio responsável pelas operações da Concrete Solutions durante 18 anos e, após aquisição da empresa pela Accenture, atuou por mais dois anos como Managing Director.

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