quinta-feira, dezembro 26, 2024

Empresas globais pedem ação governamental urgente para proteger biodiversidade

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Nesta semana, mais de 130 empresas e instituições financeiras, representando US$ 1,1 trilhão em receita, estão pedindo aos líderes globais que acelerem a adoção e a aplicação de políticas de natureza robustas. Este grupo de empresas inclui Danone, Decathlon, dsm-firmenich, H&M Group, Holcim, IKEA, Kering, L’OCCITANE Group, Mahindra Group, Natura &Co, Nestlé, ofi, Safaricom PLC, Sainsbury’s, Salesforce, Suzano, Sumitomo Forestry, Unilever, Wipro Limited, Volvo e muitas outras, enfatizando a necessidade urgente de implementar o Plano de Biodiversidade mais rapidamente para interromper e reverter a perda da natureza nesta década. 

Com pouco menos de 100 dias antes da COP16 da ONU sobre Biodiversidade na Colômbia, essas empresas pedem ação governamental imediata para fortalecer – e não enfraquecer – as políticas, incentivos, legislação e regulamentação essenciais para encorajar ações corporativas ambiciosas e eficazes sobre a natureza, incluindo: 

  1. Garantir que os intervenientes empresariais e financeiros protejam a natureza e restaurem os ecossistemas degradados  
  2. Garantir o uso e a gestão sustentáveis ​​dos recursos para reduzir os impactos ambientais negativos  
  3. Valorizar e incorporar a natureza na tomada de decisões e na divulgação  
  4. Alinhar todos os fluxos financeiros para a transição para uma economia positiva para a natureza, com emissões líquidas zero e equitativa  
  5. Adotar ou fortalecer acordos globais ambiciosos para enfrentar os principais desafios da perda da natureza 

Recomendações políticas aos governos 

Para complementar essas recomendações de alto nível, em colaboração com quase 150 parceiros e empresas, a coalizão Business for Nature desenvolveu 20 solicitações específicas para governos que fornecem orientação aos governos sobre as políticas necessárias para implementar efetivamente o Plano de Biodiversidade de uma forma que geraria ação empresarial acelerada na natureza. Isso inclui medidas como proibir a conversão de terras em áreas protegidas importantes, fazer a transição para modelos de agricultura regenerativa e adotar uma Moratória Global sobre Mineração em Alto Mar.  

Análise

A carta da coalizão Business for Nature é mais um demonstrativo de como as regulamentações e políticas são importantes para impulsionar mudanças econômicas globais que impactarão positivamente a natureza.  No cerne das ameaças à biodiversidade do planeta está o atual modelo econômico linear. Este modelo, que se baseia na lógica de extrair recursos da natureza, transformá-los e desperdiçá-los, está diretamente ligado a mais de 90% da perda de biodiversidade global, conforme ressaltado em nosso relatório “O imperativo da natureza”, diz Luisa Santiago, diretora executiva para a América Latina da Fundação Ellen MacArthur

Segundo ela, para deter e reverter essa perda, precisamos transformar a maneira como produzimos, usamos e consumimos os produtos e alimentos, pois os esforços de conservação e restauração, sozinhos, não são suficientes para resolver o problema. Para todos os setores da economia, precisamos de uma abordagem baseada nos princípios da economia circular: eliminar poluição e resíduos, circular materiais e produtos e regenerar a natureza. Isso porque, ao eliminar os resíduos e a poluição a partir do design de produtos e serviços, reduzimos as ameaças diretas que a poluição oferece à biodiversidade. Ao circular produtos e materiais em seu mais alto valor, reduzimos a necessidade de extração de novas matérias-primas virgens e deixamos espaço para a biodiversidade. E ao regenerar a natureza, isto é, promover atividades econômicas que capturam carbono no solo, melhoram a sua saúde, permitimos que a biodiversidade prospere.

“Mudar a lógica de funcionamento linear da economia para uma circular é imperativo e isso só é possível com esforços coordenados entre  empresas, governos e a sociedade. Por isso, a importância de uma carta como essa das grandes empresas, sinalizando ao mercado e aos governos uma intenção comum sobre os rumos das discussões na COP16, apontando para um novo modelo econômico amigável à biodiversidade”, enfatiza.

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