As mudanças climáticas exigem um mapeamento cuidadoso dos riscos para o setor de transmissão de energia e, naturalmente, o desenvolvimento de novas tecnologias para enfrentar cenários adversos, segundo Elena Nogueroles, Chefe de Linhas da Red Eléctrica, subsidiária da Redeia.
Ela destacou que um grupo multidisciplinar da Red Eléctrica avalia anualmente há anos o impacto potencial das alterações climáticas na Rede Espanhola de Transportes (RdT). Como consequência, foram identificados uma série de riscos e medidas de mitigação para garantir o estado ótimo da infraestrutura.
Um exemplo é o fenômeno do vento extremo, que pode causar danos se os parâmetros de vento para os quais os suportes foram projetados forem ultrapassados. Por isso, a Red Eléctrica está desenvolvendo mapas de vento com horizonte temporal de 40 anos, com os quais poderá modificar os parâmetros de projeto. Além disso, existem Planos de Contingência para as instalações mais críticas e soluções de emergência.
Para prevenir incêndios, a Red Eléctrica mantém a vegetação sob controle, desenvolve inventários florestais e utiliza algoritmos de otimização da gestão baseados no crescimento das diferentes espécies e nas regulamentações vigentes, além de oferecer formação específica. Também foram criados mecanismos que controlam a degradação e protegem as infraestruturas contra a corrosão, assegurando uma gestão mais eficaz dos ativos para avaliar os impactos da desertificação.
Jorge Vaquero, Chefe de Segurança de Sistemas da Red Eléctrica, também abordou os desafios da operação do Sistema Interligado Nacional (SIN), enfatizando a prioridade de integrar as energias renováveis ao sistema elétrico, garantindo sempre a segurança do abastecimento e possibilitando uma transição gradual e equilibrada da geração.
“Nosso foco é maximizar a integração das energias renováveis, controlando os riscos. Recebemos medições a cada 12 segundos e ajustamos o perfil de geração enviando indicações a cada 60 segundos, tudo isso garantindo que não haja interrupção no fornecimento de energia”, disse o executivo.
Recentemente, a pior catástrofe no estado do Rio Grande do Sul, onde enchentes causaram danos de um bilhão de reais ao sistema de transmissão de energia, evidenciou os desafios da operação do sistema. Esse evento extremo destacou a questão da confiabilidade do sistema energético no Brasil e gerou discussões entre as maiores empresas do setor sobre o tema.
Por meio de sua subsidiária Argo Energía, na qual detém 50% de participação, a Redinter, subsidiária da Redeia, mantém mais de 4.213 quilômetros de linhas de transmissão de alta tensão no Nordeste e Norte do Brasil e é atualmente a quinta maior empresa do setor em termos econômicos. Na América Latina, a Redeia está presente desde 1999, construindo e administrando mais de 7.600 quilômetros de circuito no Brasil, Chile e Peru.