Desde a pandemia, o setor de transportes desempenha um papel cada vez mais crucial na economia brasileira, seja pela alta demanda de pedidos dos e-commerces ou para desafogar a última safra recorde de grãos. Já, quando fazemos o recorte para o modal rodoviário os desafios são ainda maiores. Em um país de dimensões continentais como o Brasil, os mais de 1,7 milhões de quilômetros de rodovias, desempenham papel fundamental na movimentação de mercadorias e no equilíbrio econômico.
Segundo o relatório Net Zero Readiness Report 2023 da consultoria KPMG, o setor de transporte foi responsável por 53% das emissões absolutas de gases de efeito estufa entre 2005 e 2022. Esse número alarmante demonstra a necessidade de medidas urgentes para descarbonizar o setor.
Nesse contexto, é essencial discutirmos formas de tornar esse setor mais sustentável e ecoeficiente. Afinal, este é uma das principais fontes de emissões de gases de efeito estufa, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo.
Para Tiago Egydio, gerente da Fundação Eco+, encontrar soluções sustentáveis no modal rodoviário é fundamental para enfrentar os desafios ambientais. “Apesar dos avanços no setor de veículos elétricos, ainda enfrentamos desafios significativos em termos de infraestrutura e custos. Para encarar esse desafio, diversas iniciativas estão sendo implementadas no Brasil, como o Programa RenovaBio, que incentiva a produção e o uso de biocombustíveis, e a implementação de sistemas de logística sustentável, visando, por exemplo a otimização de rotas e a logística reversa, que reduzem o desperdício e as emissões associadas. Além disso, empresas e órgãos do governo estão investindo em pesquisa e desenvolvimento de soluções tecnológicas inovadoras para a descarbonização do setor”, destaca Egydio.
A digitalização e a automação de processos neste setor podem ser alternativas poderosas para reduzir custos e otimizar o uso de recursos, diminuindo consequentemente o impacto ambientais. A pesquisa da Trimble Transportation (2024), empresa especializada em soluções de tecnologia para monitoramento de frota, aponta que 84% dos operadores logísticos consideram integrar dados entre os elos da cadeia como extremamente importante para a visibilidade e eficiência operacional. Essa integração permite a otimização de rotas, redução de tempos ociosos e o melhor aproveitamento dos recursos, contribuindo para a sustentabilidade da cadeia na totalidade.
A Fundação Eco+, consultoria e centro de excelência de sustentabilidade instituída e mantida pela BASF, lançou no último ano o SustenLog, uma solução digital de cálculo de carbono para o setor logístico. A plataforma não apenas calcula a pegada de carbono associada aos transportes, mas também estimula a reflexão sobre o impacto dessas operações no meio ambiente e na sociedade.
Para Tiago, o SustenLog representa um passo importante na direção de uma mobilidade mais sustentável e eficiente. “Nosso objetivo em oferecer ao mercado essa ferramenta é trazer autonomia para o usuário, assim, com isso, será possível tomar decisões informadas e estratégicas em relação à redução de emissões e à promoção da sustentabilidade em suas operações”, destaca o executivo, emendando que esta ferramenta é um instrumento de apoio nas estratégias de gestão de carbono, uma vez que é possível realizar autodeclaração de todas as emissões de gases do efeito estufa evitadas.
Algo interessante nessa ferramenta é sua integração com o Programa Mata Viva – iniciativa de compensação de carbono e reflorestamento da BASF, permite que o usuário da plataforma realize suas compensações. “As empresas podem não apenas calcular suas emissões, mas também compensá-las por meio de projetos de restauração de florestas nativas, contribuindo para a preservação do meio ambiente e a construção de um futuro mais sustentável”, continua Egydio.
À medida que avançamos para uma economia mais sustentável e responsável, é essencial que as companhias de diversos setores busquem soluções inovadoras e integradas. Ao adotar tecnologias digitais e estratégias ecoeficientes, elas não apenas reduzem seus impactos ambientais, mas também fortalecem sua competitividade e contribuem para um futuro mais sustentável, reduzindo custos e impactos ambientais.
