quinta-feira, dezembro 26, 2024

Apenas 2,9% dos sites brasileiros foram aprovados em todos os testes de acessibilidade, aponta pesquisa

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A quinta edição da pesquisa sobre a experiência de uso de sites por pessoas com deficiência no país identificou uma piora na acessibilidade dos sites brasileiros, situação que ainda está longe de ser a ideal. A pesquisa foi realizada pela BigDataCorp, principal empresa de coleta de dados da América Latina, em parceria com o Movimento Web para Todos (WPT).

Os organizadores avaliaram 26,3 milhões de sites ativos no país, número 11% maior do que em 2023. Apesar do salto de 0,5% em 2022 para 3,3% em 2023 no sucesso de todos os testes aplicados, a queda para 2,9% em 2024 mostra que ainda há variações significativas que podem ser atribuídas a novos sites e ao momento específico da análise dos dados.

Para Thoran Rodrigues, CEO da BigDataCorp, os resultados do ano mostraram que ainda há muito a ser melhorado nos sites brasileiros. “O aumento da quantidade de sites ativos, principalmente os sites pequenos, nos quais a preocupação com acessibilidade não está no topo, é um dos fatores que pode indicar o declínio da acessibilidade digital no país. Também vale mencionar que, conforme aumenta a complexidade dos sites e da navegação, a tendência de testes falharem fica cada vez maior”, afirma.

Todas as categorias tiveram uma pequena melhora na conformidade com todos os testes. A grande maioria teve saltos de 1 a 2 pontos percentuais em comparação com o ano anterior. Em 2022 a média de todas as categorias ficava em torno de 0,3%. Em 2023 esse número passou para 2,6% e em 2024 para 3,3%. A categoria responsável por elevar esse número foi a de streaming, que teve um aumento acima da média (mais de 9 pontos percentuais).

Para Reinaldo Ferraz, especialista em acessibilidade digital do NIC.br, em relação aos formulários e links, foi vista uma estabilidade com um leve crescimento, o que é positivo. Imagens com descrição tiveram um aumento significativo na conformidade, mas ainda não dá para comemorar. “O salto no percentual de imagens com descrição de 15,8% em 2022 para 42,8% neste ano surpreende, talvez devido a ferramentas de geração automática de descrições ou outro recurso desconhecido. O problema é que não conseguimos mensurar a qualidade dessas descrições, se elas efetivamente descrevem as imagens publicadas nas páginas. É importante investigar tanto o motivo desse aumento quanto a qualidade das descrições geradas”, destaca.

Dos sites governamentais analisados, 90% apresentaram algum problema de acessibilidade em 5 testes realizados, com apenas 10% deles sem falhas. Comparativamente, em 2023, 97,7% dos sites governamentais tinham problemas, com 2,3% sem falhas. “É alarmante que quase todos os sites governamentais ainda apresentam problemas de acessibilidade. Apesar das variações dos dados ao longo dos anos, é visível que há uma necessidade urgente de ações mais efetivas. Melhorar a acessibilidade digital não só cumpre uma obrigação legal, mas também garante inclusão, transparência e acesso igualitário a todos os cidadãos brasileiros”, comenta Thoran.

A nova edição do estudo revelou variações significativas na acessibilidade entre diferentes tipos de sites. Blogs melhoraram levemente, com a taxa de falha caindo de 98,8% em 2019 para 97,3% em 2024, e sites sem falhas aumentando de 1,2% para 2,7%. Sites educacionais mantiveram estabilidade, com 96,1% falhando nos testes e 3,9% sem falhas. No e-commerce, a taxa de falha se manteve alta em 97%, mostrando ligeira melhora. Sites de notícias melhoraram ligeiramente, com 96,6% falhando e 3,4% sem falhas.

A BigDataCorp utilizou o processo de captura de dados da internet extraídos de visitas a todos os sites brasileiros (ativos e inativos), dos quais são obtidas informações estruturadas e seus links. Para esse estudo, foram desconsiderados os sites inativos, ou seja, os que estavam fora do ar ou que não responderam a visitas por quatro semanas seguidas. Assim, foram considerados neste estudo 26.3 milhões de sites brasileiros. É importante destacar que foram aplicados apenas os testes válidos para cada tipo de site de acordo com o conteúdo nele publicado. A ferramenta coletou os sites e verificou em todas as páginas públicas se existia, por exemplo, formulários e imagens, e se estão de acordo com os critérios selecionados para a verificação. As páginas protegidas por senha não foram avaliadas. É possível conferir no site do Movimento Web para Todos os detalhes da metodologia adotada no estudo de 2023 e na edição de 2024.

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