segunda-feira, outubro 21, 2024

A resposta sustentável à crescente demanda da IA

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Estamos imersos em uma era em que a inteligência artificial (IA) emerge como protagonista em todos os aspectos e segmentos de nossas vidas. No dia a dia, assistentes virtuais já nos apoiam em tarefas básicas, como criar uma lista de compras ou ligar para um contato disponível na agenda. Sistemas de reconhecimento facial são cada vez mais comuns em condomínios e em smartphones – para o desbloqueio de tela e uso de aplicativos. Recomendações personalizadas em plataformas de streamings, jogos inteligentes e traduções automáticas já fazem parte da nossa rotina. Essas mudanças também se aplicam aos diferentes serviços e áreas. Na saúde, por exemplo, a IA pode ser uma ferramenta crucial na detecção de doenças, pesquisas de novos remédios e na otimização do tempo dos profissionais de medicina e enfermagem. A área da educação já conta com plataformas que auxiliam o aprendizado e colaboram com o trabalho do professor.   

Os data centers, prédios extremamente seguros compostos por salas regiradas com ar condicionado de precisão e energia elétrica estabilizada 24×7, onde grandes computadores e servidores são armazenados, desempenham um papel essencial no desenvolvimento da IA. Eles são os alicerces, pois permitem que a capacidade de processamento e armazenamento possam ser ampliadas exponencialmente e a longo prazo. Este crescimento, transformador no campo da IA é superior a tudo o que vimos nos últimos 20, 30, 40 anos, e é resultado do aumento significativo do uso da tecnologia. À medida que os algoritmos de IA se tornam mais complexos e suas aplicações sofrem mudanças, é fundamental que os data centers forneçam recursos robustos e escaláveis, ou seja, cresçam e se adaptem sem comprometer a eficiência do sistema.

Essas transformações exibem um impacto profundo no controle de temperatura e nos sistemas de resfriamento. A inteligência artificial demanda um volume maior de energia no processamento de informações e isso, consequentemente, gera uma quantidade significativa de calor. Mais uma vez, os data centers são projetados para enfrentar essa situação. Eles acionam recursos de refrigeração e asseguram que tudo funcione de forma confiável, prevenindo contratempos decorrentes do superaquecimento das máquinas. No entanto, é importante frisar que um data center com sistema de refrigeração a água, em circuito aberto, pode consumir água potável equivalente ao uso de três mil famílias. Esses dados apontam para um grande desafio ambiental. Além disso, reforça a necessidade urgente de buscar alternativas mais sustentáveis para equilibrar as demandas operacionais.

Já a segurança e a privacidade dos dados, utilizados na IA, também estão resguardados nestes prédios. Estes locais implementam medidas rigorosas para proteger informações, assegurando conformidade com as regulamentações de privacidade. Os data centers não são apenas estruturas físicas que abrigam servidores. Vão muito além. Eles são fundamentais no progresso da inteligência artificial e são cruciais para esse crescimento. 

E as projeções para o futuro são promissoras. Segundo uma pesquisa realizada pela Arizton Advisory & Intelligence, este setor, em toda América Latina, tem previsão de superar US$ 7,8 bilhões até 2026, apresentando uma Taxa de Crescimento Anual Composta (CAGR) de 7,6%. O Brasil se destaca como líder nesses investimentos, contribuindo com 40% do total.

Com o alto crescimento dessa demanda precisamos estar preparados para o que está por vir, afinal, a IA gera um consumo significativo de energia. Diante disso, essa revolução deve ser conduzida de maneira responsável. Dados recentes apontam que as Tecnologias da Informação já consomem 6% da energia mundial, e a IA, em poucos anos, pode vir a consumir um quinto da energia do planeta. É um número bastante elevado. 

Diante desse cenário, a sustentabilidade se torna essencial nesse desafio chamado ‘revolução digital’. Desenvolver tecnologias mais sustentáveis, investir em fontes de energia renováveis para alimentar infraestruturas digitais e adotar práticas responsáveis nas construções e operação dessas tecnologias, são atitudes indispensáveis. O mesmo vale para a capacitação e o treinamento de pessoas. Para lidar com novas tecnologias, softwares e métodos de operação é fundamental garantir o desenvolvimento de profissionais para impulsionar a ascensão do setor. Conforme a projeção do International Data Corporation (IDC), o segmento de TI poderá crescer 11% na América Latina, neste ano. O Brasil, de acordo com o relatório, possuirá a maior taxa de crescimento anual entre os países da região, com 12%. Mais do que nunca se faz necessário o investimento em talentos.

Neste contexto desafiador, nosso país surge como uma opção atrativa para se tornar um hub de data centers. Uma combinação única de fatores posiciona o país de forma promissora. A matriz energética verde é um dos seus grandes trunfos. Com uma significativa parcela de sua eletricidade oriunda de fontes renováveis, como hidrelétricas e energia solar, o país tem se destacado por uma abordagem sustentável – e soluções que visam diminuir o impacto ambiental. Esse diferencial assume uma importância crucial, dada a crescente preocupação global com o tema. Ao usarmos os recursos naturais de maneira consciente, concentramos nossos esforços na eficiência energética e na preservação do meio ambiente. Empresas que não se adequarem podem enfrentar a rejeição de seus projetos nos territórios em que operam. Países como Irlanda, China e Alemanha, por exemplo, estão passando por adaptações na construção de prédios de data centers devido ao alto consumo de energia nesses locais. Governos de várias nações estão intensificando as fiscalizações para promover um futuro mais sustentável.

Nesse sentido, o Brasil reúne condições tecnológicas e ambientais para protagonizar essa jornada digital e sustentável. No quesito capacitação e diversidade também vejo que os avanços precisarão ser consideráveis. Empresas têm investido em novos talentos, desenvolvido seus profissionais e atuado na promoção e fomento de programas educativos para jovens, mas isso precisa alcançar um volume continental, para que o país esteja fortalecido com uma força de trabalho pronta para atuar no futuro. Por aqui, estamos nos movimentando de braços dados com as constantes mudanças do setor – nos aperfeiçoando para melhor. O potencial é vasto e temos todos os pré-requisitos para nos mantermos na vanguarda dessa revolução. O Brasil pode sim ser uma grata resposta à transformação digital.

Tito Costa, CRO da Elea Digital Data Centers.

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