Visando a preservação de vidas e mitigação de danos provocados por eventos climáticos extremos, várias cidades estão o investindo em ferramentas de monitoramento que permitam acompanhar volumes de chuvas, condições do solo, volumes de águas em bacias hidrográficas e até mesmo direção do vento e risco de queimadas. Entre os municípios que têm adotado essas tecnologias e estão trabalhando de maneira proativa para preservar vidas, estão as cidades paulistas de Carapicuíba, São Sebastião, Caraguatatuba e a mineira Pouso Alegre.
Desde fevereiro de 2021, Carapicuíba, município da região metropolitana de São Paulo, adotou o Monitor Geopixel, uma ferramenta que faz a avalição das condições climáticas, coleta de dados de previsão e observação de chuvas, faz análises e emite alertas em tempo real. Para isso, ela cruza dados de modelos de previsão de chuvas de diversos satélites, radares meteorológicos, além da rede de pluviômetros automáticos disponíveis no Brasil, disponibilizados por diversas instituições nacionais e internacionais. Por meio da análise destas informações, essa plataforma gera alertas que são disponibilizados em telas com layout amigável e em aplicativos mobile, que permitem à prefeitura e a defesa civil anteverem alagamentos e riscos e deslizamento para adotar medidas que permitam a preservação de vidas e a mitigação de danos.
No final de maio deste ano, Pouso Alegre inaugurou o Centro Integrado de Defesa Social da cidade que integra a central de monitoramento das câmeras de segurança da cidade e a central do sistema de Monitor Geopixel que subsidia a tomada de decisão pela Prefeitura e Defesa Civil, ajudando na prevenção de tragédias.
De acordo com o prefeito de Pouso Alegre, Coronel Dimas, por meio do uso do Monitor Geopixel será possível prever altos volumes de chuva com até 7 dias de antecedência, bem como eventos extremos que demandam ações do poder público para preservar vidas.
“A partir do recebimento dos alertas de risco, a Defesa Civil e secretarias como Habitação, Obras, Saúde, Transportes e Educação podem tomar medidas coordenadas para atender a população que está em áreas que serão atingidas, preservando vidas e minimizando os danos”, explica o prefeito.
“O monitoramento não é feito somente na cidade que contratou o serviço, mas também em toda a bacia hidrográfica da região, com isso, temos uma avaliação de riscos muito mais acurada, pois controlamos a chuva e o volume de água nas cabeceiras de rios que cortam a cidade, podendo prever o risco de enchentes. Além disso, a plataforma também monitora as condições do solo permitindo avaliar os riscos de deslizamentos de terra, por exemplo”, afirma João dos Reis, doutor em Sensoriamento Remoto e especialista no monitoramento de eventos ambientais extremos da Geopixel, empresa criadora da plataforma.
Desde 2022, a prefeitura de Caraguatatuba, no Litoral Norte de São Paulo também vem utilizando o sistema de monitoramento climático para fornecer informações automáticas para a Coordenadoria da Defesa Civil sobre a possibilidade de eventos extremos, previsão de chuvas, tempestades, acumulado de diversas horas, índice pluviométrico, entre outras, o que orienta o órgão em suas ações.
“Períodos de fortes chuvas e mudanças climáticas bruscas aumentam nossa preocupação com as áreas de risco. Nossas equipes estão todas empenhadas em atender a população, em caso de necessidades e o monitoramento é essencial para apoiar as decisões e antever situações de risco extremo”, disse Aguilar Junior, prefeito de Caraguatatuba.
O município de São Sebastião, também do litoral norte de São Paulo, que em fevereiro de 2023, enfrentou uma tempestade que atingiu cerca de 700 mm em 24h, índice jamais registrado neste espaço de tempo, e deixou um rastro de destruição e perdas irreparáveis, e por isso, também implantou o Monitor para a prevenção de novos acidentes.
O Monitor Geopixel também pode ser aplicado no monitoramento de regiões com uma estiagem intensa ajudando na prevenção de queimadas e gerando alertas para pequenos focos de incêndio e permitindo assim uma rápida ação e um menor dano ambiental.
Segundo o vice-presidente da Geopixel, Manoel Ortiz, o sistema se baseia em modelos matemáticos que cruzam informações de mais de 20 satélites que monitoram queimadas, direção dos ventos, umidade do ar, a umidade próxima ao solo e da camada florestal, criando previsões que podem ser aplicadas na prevenção e controle de queimadas florestais, de cana de açúcar dentre outros.
O sistema ainda conta com um app mobile que pode disparar e receber alertas para a Defesa Civil, líderes comunitários e gestores municipais, permitindo assim uma rápida tomada de decisão.