quinta-feira, dezembro 5, 2024

O impacto da era da IA e de transformações climáticas nas organizações

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Se alguns anos atrás, manter o mesmo ritmo dentro de uma empresa era suficiente, agora, o cenário é outro. Resiliência digital e alto poder de adaptabilidade são cobranças de grande parte das lideranças corporativas no Brasil e no exterior.

Em uma pesquisa realizada no final do ano passado pela CEO Survey, publicação da PwC, essa constatação fica evidente. Segundo o estudo, 41% dos respondentes no Brasil – e 45% no mundo – continuam sem acreditar que suas organizações sobreviverão por mais de dez anos se mantiverem o rumo atual. Isso significa um aumento de oito pontos percentuais no Brasil e de seis no mundo.

Dois fatores cruciais emergem dessa pesquisa como catalisadores da insegurança corporativa: as implicações transformadoras da Inteligência Artificial (IA) e as mudanças inerentes, geradas pela crise climática. Esses não são apenas desafios isolados, mas são elos que demandam uma reflexão profunda sobre o modelo de negócios atual e sua adaptação para um futuro mais sustentável.

Enchentes no Rio Grande do Sul

Nada mais real e factual do que a tragédia que o Estado do Rio Grande do Sul enfrenta, neste momento. Já são cerca de 2,1 milhões de pessoas atingidas, de 90% dos municípios gaúchos. Não bastasse o número de vítimas e desaparecidos, ainda fica o enorme desolamento daqueles que não perderam a vida, mas viram tudo que construíram sendo engolido pelas águas. 

De acordo com a FIERGS, as enchentes já afetaram quase todas as empresas da região e 91% das fábricas do estado estão debaixo d’água. Isto é, a consequência da tragédia climática abarcou todo um estado brasileiro, incluindo as companhias locais que, neste momento, têm muita dificuldade de operar ou até pararam.

Diante disso, a Inteligência Artificial precisa ser colocada em uso, juntamente com a força de trabalho humana, para que possamos reconstruir vidas, moradias, empresas, dignidade.

A Revolução da Inteligência Artificial

A Inteligência Artificial deixou de ser uma promessa de futuro: é uma realidade tangível que permeia cada vez mais o tecido corporativo. Hoje, está sendo também utilizada em aplicativos que auxiliam desabrigados a terem atendimento médico e psicossocial, nos abrigos do RS. Desde automação de processos até análise preditiva, as organizações estão integrando a IA em suas operações para impulsionar a eficiência e a inovação e,  também, para não ficarem atrás de seus pares.

Metade dos CEOs no Brasil e fora dele acreditam que a IA generativa melhorará sua capacidade de desenvolver confiança na relação com os stakeholders até o fim deste ano.

No entanto, a mesma tecnologia que promete avanços também introduz desafios cruciais, como a requalificação de trabalhadores para novas funções, a ética no uso de algoritmos e a necessidade de repensar os modelos de negócios tradicionais.

Um estudo realizado pela Microsoft, em conjunto com a Edelman Comunicação, constatou que, em 2024, dos 300 líderes de empresas entrevistados, 74% utilizam Inteligência Artificial em alguma atividade profissional. Além disso, um estudo de 2022, da International Data Corporation (IDC), aponta que, naquele período, 86% das empresas da América Latina já utilizavam IA.

Esse cenário destaca a crescente adoção da tecnologia pelas empresas, pois está se tornando uma ferramenta essencial para aumentar a eficiência e a competitividade no mercado atual. Entretanto, apesar de mais da metade das empresas brasileiras entrevistadas estarem utilizando a IA, a resistência ainda é frequente. Das 300 organizações, 78 ainda não utilizam.

As organizações que se recusam a abraçar essa transformação correm o risco de ficar obsoletas, perdendo não apenas em termos de eficiência, mas em relevância, nesse mercado que vive a era da evolução digital.

Mudanças climáticas e responsabilidade corporativa

O impacto das mudanças climáticas, como vemos nos jornais e redes a todo momento por conta do RS, é inegável e as empresas não podem mais se isentar de sua responsabilidade ambiental. A PwC estima que uma fatia de 55% do PIB global – o equivalente a cerca de US$ 58 trilhões – depende altamente e moderadamente da natureza.

Clientes e investidores estão cada vez mais conscientes da pegada de carbono das empresas, dando atenção às organizações comprometidas com práticas sustentáveis para além do marketing. Nesse sentido, CEOs em todo o mundo estão aceitando taxas de retorno menores para investimentos com baixo impacto climático. A sustentabilidade não é apenas uma escolha ética, mas uma necessidade estratégica, de sobrevivência.

Se as empresas adotarem práticas para mitigar os efeitos climáticos, não apenas estarão contribuindo para a manutenção do meio ambiente, mas também reduzindo custos operacionais a médio e longo prazo.

Ainda, um estudo recente realizado pela Allianz Commercial, em 92 países, aponta que empresários brasileiros compreendem que as mudanças climáticas são o principal risco para 2024.

O caminho adiante

O desafio que se impõe às lideranças corporativas é duplo: abraçar as oportunidades oferecidas pela Inteligência Artificial enquanto enfrentam as responsabilidades impostas pela crise climática, gritantes nos dias de hoje, dada tamanha repercussão nacional.

Isso não é apenas uma questão de sobrevivência, mas uma oportunidade para redefinir o propósito das empresas e contribuir para um futuro mais sustentável. A sobrevivência das corporações na próxima década dependerá da capacidade de inovar, se adaptar e abraçar mudanças transformadoras. Os líderes que irão navegar nesse cenário complexo serão os arquitetos do futuro de suas organizações.

Susana Kakuta, sócia-fundadora da Startup Academy

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