A CBA – Companhia Brasileira de Alumínio e a Reservas Votorantim assinaram nesta quarta-feira, dia 5 de junho, termo para oficializar o Legado Verdes do Cerrado, como a primeira Reserva Particular de Desenvolvimento Sustentável de Goiás, nova categoria de Unidade de Conservação no Estado, tornando-se também a primeira do bioma Cerrado no Brasil.
A solenidade aconteceu em um evento promovido pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), em comemoração à Semana do Meio Ambiente, e contou com a presença do vice-governador Daniel Vilela e da secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Andréa Vulcanis. O documento foi assinado simbolicamente pelo gerente-geral de Sustentabilidade da CBA, Leandro Campos de Faria, e pelo diretor executivo da Reservas Votorantim, David Canassa.
A Semad-GO abriu um chamamento para consulta pública instaurada até o dia 06/06 e não havendo manifestações contrárias, a nomenclatura passa a valer oficialmente a partir da veiculação da portaria no dia 7de junho.
Localizado em Niquelândia, no Norte Goiano, o Legado Verdes do Cerrado é uma iniciativa pioneira na conservação do Cerrado brasileiro, com um modelo de gestão que alia negócios da economia tradicional com a economia verde, através do múltiplo uso da terra em 32 mil hectares de território, área equivalente à cidade de Belo Horizonte.
Desde a década de 40, a CBA protege grande parte do Cerrado na região e a partir de 2017, investe no Legado Verdes do Cerrado com o novo modelo de negócios que foi implementado. Ainda neste ano, a Companhia juntamente com a Reservas Votorantim, administradora do território, assinou um protocolo de intenções com o governo do Estado de Goiás, para transformar os núcleos Engenho e Santo Antônio da Serra Negra (de propriedade da CBA), em Niquelândia, na primeira Reserva Particular de Desenvolvimento Sustentável de Cerrado no País. A solenidade de hoje é mais um importante passo nessa trajetória para oficialização e instauração da portaria.
O balanço dos investimentos nesses últimos anos no Legado Verdes do Cerrado soma resultados expressivos como o registro de 1.670 espécies da fauna e flora aquática e terrestre, sendo que uma delas integra a lista de novas descobertas mundiais; a formação de um dos maiores bancos de sementes de espécies nativas; recuperação e proteção de nascentes, além de um projeto inédito de crédito de carbono no bioma Cerrado na América Latina. Dessa forma, se consolida como um importante modelo na conservação do bioma no país.
O trabalho de monitoramento da fauna e da flora existentes no território apontou que a Reserva abriga 12% de toda flora do bioma, sendo que deste total, 2% são de espécies endêmicas do Cerrado, o que torna a área um valioso patrimônio genético do bioma e da biodiversidade brasileira. Outro destaque nas pesquisas com flora foi a descoberta da Erythroxylum niquelandense, uma planta com propriedades que podem ser utilizadas em medicamentos para o tratamento de doenças como o câncer e Aids, integrando a lista de novas descobertas mundiais, publicada em um artigo na revista científica Phytotaxa Magnolia Press, da Nova Zelândia.
A Reserva também possui um Centro de Biodiversidade, que une pesquisa científica com a produção de espécies nativas da flora. O espaço tem capacidade para produzir 250 mil mudas por ano e, atualmente, atende a demanda de projetos de restauração, principalmente nos estados de Goiás e Minas Gerais. “O Brasil se comprometeu com a meta de restaurar 12 milhões de hectares de áreas degradadas até 2030. Deste total, 5 milhões estão localizados no Cerrado. Portanto, iniciativas, como o banco de sementes e o Centro de Biodiversidade são essenciais para contribuir com as metas nacionais e internacionais de desenvolvimento sustentável, como as elencadas pela Década da Restauração, instituída pela ONU [Organização das Nações Unidas]”, diz David Canassa, diretor da Reservas Votorantim, empresa gestora do Legado Verdes do Cerrado.
A conservação dos recursos hídricos também aparece em evidência. A CBA, por meio do Legado Verdes do Cerrado, investe na conservação do rio Traíras, um dos mais importantes da região. Este corpo hídrico é responsável pelo abastecimento de todo município de Niquelândia, com 46 mil habitantes, compreendendo a bacia hidrográfica de Tocantins. Junto ao Rio da Almas, é uma das vertentes que leva água para o quinto maior lago do Brasil, o lago artificial da usina Serra da Mesa, o maior do Brasil em volume de água, com 54,4 bilhões de m³. Além da conservação de matas ciliares e a recuperação de áreas degradadas dentro e fora dos limites da Reserva, até o momento, o investimento total em iniciativas voltadas à conservação do Rio Traíras já ultrapassou R$ 300 mil reais.
Projeto REDD+ do Cerrado
A CBA e a Reservas Votorantim completaram dois anos de certificação do primeiro projeto REDD+ do Cerrado, que monetiza o estoque de carbono por desmatamento evitado. O projeto contempla uma área de 11,5 mil hectares do Legado Verdes do Cerrado, com 350 mil toneladas de carbono já certificadas.
“Diversas regiões de Goiás (e do Brasil, onde o bioma ocorre) foram classificadas como Áreas Prioritárias Para Conservação do Cerrado no Brasil, e hotspot mundial de biodiversidade, ou seja, que necessitam de proteção e conservação para assegurar a sua riqueza biológica. A região de Niquelândia, onde o Legado Verdes do Cerrado está inserido, é uma delas. O valor desses territórios gera créditos de carbono com grande peso em biodiversidade e serviços ecossistêmicos. O mercado de carbono avança cada vez mais e, acessá-lo por meio do Cerrado, já é uma realidade, sendo mais uma alternativa para gerar negócio mantendo o bioma em pé”, explica David Canassa, diretor executivo da Reservas Votorantim.
Para Leandro Faria, gerente-geral de Sustentabilidade da CBA, os resultados obtidos pelo projeto REDD+ do Cerrado são fruto do compromisso da CBA com a sustentabilidade. “O investimento neste território integra o pilar ambiental da Estratégia ESG 2030 da CBA, que visa preservar os recursos naturais e a biodiversidade. Nesse sentido, o Legado Verdes do Cerrado é uma importante contribuição para alcançarmos não só as metas de desenvolvimento sustentável que nos comprometemos voluntariamente, mas também para cumprimos ao máximo os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, os ODS, elencados pela Organização das Nações Unidas, a ONU. Aliás, o Legado Verdes do Cerrado e o seu modelo de negócio contribuem diretamente com nove dos 17 ODS estabelecidos”, explica Leandro Faria, Gerente geral de Sustentabilidade da CBA.
Segundo Faria, ainda sobre a ótica do investimento, o Legado Verdes do Cerrado é uma ação, apresentada pela CBA ao Brasil e ao mundo, baseada em um modelo de gestão viável não só aos negócios, mas, especialmente à conservação. “Conservar o Cerrado é urgente e inerente ao desenvolvimento sustentável do país e à estabilidade climática mundial e essa é uma das contribuições da CBA no caminho de trilhar um futuro mais sustentável”, finaliza.
¹ Áreas Prioritárias para Conservação da Biodiversidade no Cerrado e Pantanal, WWF-Brasil e Ministério do Meio Ambiente (MMA)
Sobre o Legado Verdes do Cerrado
O Legado Verdes do Cerrado, com aproximadamente 80% da área composta por cerrado nativo, é uma área de 32 mil hectares da CBA – Companhia Brasileira de Alumínio, uma das empresas investidas no portfólio da Votorantim S.A. A cerca de três horas de Brasília, é composta por dois núcleos. No núcleo Engenho, nascem três rios: Peixe, São Bento e Traíras, de onde é captada toda a água para o abastecimento público de Niquelândia/GO. Nele está a sede do Legado Verdes do Cerrado onde, em 23 mil hectares, são realizadas pesquisas científicas, ações de educação ambiental e atividades da nova economia, como produção de plantas e reflorestamento; enquanto 5 mil hectares são áreas dedicadas à pecuária, produção de soja e silvicultura. O núcleo Santo Antônio Serra Negra, com 5 mil hectares, mantém o cerrado nativo intocado e tem parte de sua área margeada pelo Lago da Serra da Mesa.