Com o avanço da tecnologia, a preocupação com o uso de recursos naturais para manutenção de equipamentos vem crescendo. Dentro do setor, a expansão dos chamados Data Centers, ou centro de processamento de dados, fomenta a discussão. Essas estruturas, que funcionam como supercomputadores e mantêm as operações de dados em funcionamento sem interrupções, experimentaram um boom nos últimos anos.
De acordo com dados da consultoria Arizton, 50% dos investimentos do setor de tecnologia na América Latina estão sendo direcionados para o desenvolvimento e uso de Data Centers. A análise confirmou também que é esperado que esse mercado cresça 8% no Brasil até 2028.
A discussão passou a se concentrar na sustentabilidade devido às pesquisas recentes, que indicaram um aumento considerável no uso desses recursos nos últimos anos devido à crescente demanda por capacidade de processamento de dados para suportar a Inteligência Artificial. Em 2022, último período com dados disponíveis, o Google aumentou seu consumo de água em 22%, como resultado do uso de Data Centers. E, de certo, após o boom do Chat GPT, esses números devem ter evoluído.
Além disso, pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos EUA, destacaram, em artigo publicado na revista Nature, a importância de mapear o impacto dos modelos de IA em meio à crescente crise de escassez de água doce, causada por secas prolongadas e infraestrutura pública deficiente.
Mas, em meio às preocupações com o esgotamento de recursos hídricos, existem soluções viáveis, pois, se a tecnologia consome recursos naturais, ela pode ser usada como fomento para práticas sustentáveis também, impulsionando a inovação, e sem contribuir para a destruição. Pensando nas estratégias para reduzir o gasto hídrico, a utilização de chillers a ar pode ser uma das opções.
Esses equipamentos refrigeram a água para que seja transportado/rejeitado o calor do ambiente, neste processo, a água se mantém em circuito fechado no qual o recurso é reciclado, minimizando o desperdício e tornando o consumo de água quase zero. Também é importante aplicar ações de monitoramento contínuo do consumo de água por meio da fatura da companhia de saneamento.
Além disso, também é essencial adotar medidas para aprimorar a eficiência energética, como a implantação de corredores quentes e frios e fazer uma transição para o sistema de Mercado Livre de Energia, em que a energia provém de fontes renováveis. Ainda nesse contexto, a utilização de energia solar e eólica pode ser uma solução eficaz para diminuir as emissões de carbono dos Data Centers, minimizando os impactos ambientais.
Associar técnicas como resfriamentos líquido, direto e por imersão também reduz o consumo de energia no resfriamento dos Data Centers e deve fazer parte desta nova mentalidade.
A aplicação dessas medidas não apenas reduz o consumo de água, mas também contribuem para a eficiência operacional da empresa como um todo, resultando em mais produtividade, menor tempo de inatividade e melhor desempenho dos sistemas, além de melhorar a reputação da empresa em termos de responsabilidade social corporativa, trazendo ganhos também para o setor de TI como um todo.
Marcelo Wagner, gerente de Facilities de Data Center da SONDA Brasil.