Imergir a cultura corporativa na diversidade é extremamente importante para promover uma maior inclusão no mercado – além, é claro, de favorecer a imagem empregadora perante clientes e parceiros e, ainda, destravar seu potencial inovador. Apesar de ser um tema há bastante tempo em alta, muitas empresas ainda não compreendem por que devem seguir esse caminho, o que certamente irá prejudicar que se consagrem no segmento de atuação e fortaleçam sua reputação perante um crescimento de destaque.
Segundo dados divulgados pela pesquisa “Diversidade Aprendiz”, realizada pela OIT (Organização Internacional do Trabalho), cerca de 90% das empresas demonstram um certo nível de preocupação com questões relacionadas à diversidade e inclusão corporativa. Porém, 40% ainda não implementam um programa destinado a essa missão, não convencidas do motivo pelo qual devem adotar alguma medida prática neste sentido.
Por mais que o dado mostre uma maior conscientização sobre essa temática, é fato que trazer este assunto para o dia a dia dos negócios ainda é uma realidade distante, especialmente pela falta de informação acerca da importância deste assunto, o que faz com que possamos acabar reproduzindo pré-conceitos permeados em nossa sociedade que apenas prejudicam a devida conscientização perante a promoção de mudanças no mercado.
É difícil falar de uma dor que não sentimos. Diante disso, muitas empresas acabam não discutindo este tema porque ainda não passaram por uma dificuldade que traga à tona a urgência em adotar medidas favoráveis à diversidade internamente. Contudo, não faltam dados que evidenciem essa disparidade. Segundo o Censo Demográfico 2022, o Brasil possui 6 milhões de mulheres a mais do que homens – contudo, a desigualdade ainda é fortemente vista: cada dez mulheres em idade para trabalhar, apenas 5 participam do mercado. Entre os homens, 7 a cada 10 estão na força de trabalho.
Para piorar, 95% das mulheres negras notam um forte preconceito em colocá-las em posições de liderança, conforme dados do estudo Mulheres Negras na Liderança 2023. Nas pessoas com deficiência, os empecilhos também são grandes: apenas 28,3% estão empregados, conforme um relatório do IBGE. Este é um leque amplo de disparidade que, por ideias erradas e o famoso medo do “cancelamento” gera barreiras enormes para que consiga ser revertida.
Mesmo preocupante, existem muitas ações que podem contribuir para uma maior diversidade no ambiente empresarial, o que não apenas ajudará que possamos equalizar as equipes internas, como também alavancar a imagem da contratante em prol de seu destaque. Afinal, de acordo com o Global Marketing Trends Executive, 94% da Geração Z espera que as empresas se posicionem sobre questões sociais importantes.
Ao iniciar essa jornada, um bom programa de diversidade precisa conter quatro pontos fundamentais para que consiga desenvolver essa cultura inclusiva: conhecimento, aplicando um diagnóstico completo sobre a realidade da empresa entendendo suas dores, necessidades dos times e processos que precisam ser melhorados; conscientização, levando a educação e história à empresa e trazendo outras perspectivas para ampliar a percepção acerca da diversidade com posicionamentos variados; co-criação, priorizando um olhar aprofundado sobre o tema e quais estratégias podem contribuir com essa missão (tais como um comitê de diversidade e uma boa governança); e coordenação, assumindo a medição como parte indispensável para um bom gerenciamento do programa, assim como a definição de quais KPIs utilizar que ajudem a identificar se estão no caminho certo.
Todas as pessoas merecem ser incluídas no mercado, se sentindo bem nestes ambientes sem qualquer tipo de discriminação. Quando esta visão é aplicada e fomentada desde os cargos de liderança, o rendimento das equipes tende a melhorar gradativamente, assim como aumentar a atração e retenção de talentos que, juntos, contribuam para alavancar os resultados corporativos e estimular um mindset inovador em suas rotinas.
Cada vez mais, o mercado está olhando para empresas que, genuinamente, se preocupam em estabelecer uma política de diversidade internamente, a qual também esteja alinhada a ações sociais (ESG) aderentes aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU (ODSs). Juntas, essas estratégias compõem um conjunto inteligente que irá aproximar o negócio de seus clientes e parceiros, assim como construir um ambiente propício para uma diversidade de perspectivas que impulsionem a inovação empresarial.
Gisele Müller, fundadora da Éssi Consultoria e Vanessa Montagnoli, gerente de RH do FI Group.