A plataforma AdaptaBrasilMCTI disponibiliza índices e análises de risco climático para todos os municípios brasileiros. O objetivo é apoiar os gestores, sejam públicos ou privados, na tomada de decisão sobre planejamento de ações voltadas à adaptação à mudança do clima, considerando médio e longo prazos. A plataforma também tem sido utilizada para construir as análises de risco dos planos setoriais de adaptação do Plano Clima.
“O gestor local tem acesso a informações sobre o risco de impacto das mudanças climática em setores estratégicos da economia e da sociedade”, explica o coordenador científico da plataforma e pesquisador sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Jean Ometto.
A análise de risco climático e a projeção de impactos são os primeiros passos para o processo de adaptação. Além disso, os especialistas em adaptação apontam que não há ‘receita pronta’. Cada realidade impõe uma necessidade. Nesse sentido, é necessário compreender os fatores de pressão, as ameaças climáticas e as vulnerabilidades de cada local. “A ideia é que o gestor possa olhar os fatores influenciadores, que são os indicadores, e tenha condições de aumentar a resiliência do município às mudanças climáticas ou diminuir as vulnerabilidades”, observa Ometto.
A plataforma foi planejada para ter uma navegabilidade intuitiva e facilitar a consulta de dados técnico-científicos que anteriormente estavam dispersos em diferentes fontes de dados. Na plataforma, as bases de dados públicas são processadas com a adição das variáveis climáticas. O trabalho para cada setor envolveu a cooperação com diferentes instituições de excelência nas respectivas áreas de atuação. Atualmente, estão disponíveis dados sobre setores estratégicos como saúde, infraestrutura, segurança energética, segurança alimentar, recursos hídricos e desastres geo-hidrológicos.
A abordagem metodológica que embasa o trabalho técnico-científico é a mesma recomendada pelo Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC). “A ‘flor de risco’ é uma estratégia metodológica para identificar o risco”, explica Ometto. Os indicadores apresentam um índice composto de risco climático que envolve as ameaças climáticas (onde constam as variáveis climáticas como precipitação, temperatura), exposição e vulnerabilidade (considerando sensibilidade e capacidade adaptativa).
Na área de infraestrutura, por exemplo, estão disponíveis informações sobre portos, rodovias e ferrovias federais. A área de infraestrutura sofre diretamente impactos das mudanças climáticas. Os sistemas de transportes são projetados com base em padrões climáticos históricos. Contudo, a rápida alteração desses padrões está provocando danos e prejuízos à infraestrutura e reduzindo a eficiência das operações de transporte. Além disso, os impactos diretos na infraestrutura afetam o deslocamento das pessoas e aumenta a probabilidade de acidentes.
Para o setor de saúde, estão disponíveis dados sobre impactos envolvendo incidência de malária, leishmaniose tegumentar americana e leishmaniose visceral. Para este ano, devem ser disponibilizados para consulta novos dados sobre doenças, como dengue, febre amarela e leptospirose. Dados sobre estresse térmico com impactos para doenças cardiovasculares e respiratórias também deverão ser incorporados.
Capacitação
Em 2023, iniciou um esforço para capacitar técnicos envolvidos na elaboração de planos de ação climática para aprofundar o conhecimento em como melhor utilizar os dados da plataforma. Em setembro, a capacitação foi direcionada aos funcionários das secretarias estaduais de meio ambiente, atendendo ao pedido da Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente (Abema). Em dezembro, foi realizada a capacitação de gestores de órgãos ambientais dos municípios integrantes da estratégia nacional do Pacto Global de Prefeitos (GCoM). O treinamento foi realizado em parceria com a Associação Brasileira de Municípios (ABM).
Para maio deste ano, estão programados cursos presenciais nas cidades de João Pessoa (PA) e de Recife (PE). A expectativa é de que mais de 120 profissionais envolvidos diretamente na construção de planos de adaptação sejam capacitados para utilização da plataforma.
Interessados em solicitar cursos sobre a plataforma devem efetuar contato por meio do formulário neste link.
Histórico
A plataforma AdaptaBrasil foi instituída pelo MCTI em 2020. Na primeira etapa, a ferramenta permitiu visualizar mapas e navegar pelos dados e indicadores para 1.262 mil municípios de dez estados que integram a região do Semiárido. Em 2021, a plataforma foi expandida para todos os 5.570 municípios brasileiros e novos setores foram incorporados. A ferramenta foi desenvolvida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) em conjunto com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e a Rede Nacional de Pesquisa (RNP).
A plataforma está na Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) do Brasil como provedor de informações sobre risco climático, é citada no relatório do IPCC do Grupo de Trabalho de Impactos, Vulnerabilidade e Adaptação (capítulo 12) como exemplo.
Acesse aqui a plataforma e conheça todos os recursos disponíveis.