quarta-feira, outubro 30, 2024

Diversidade em conselhos no Brasil continua longe de atender à demanda dos investidores de empresas abertas

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O ritmo de avanço da participação de mulheres em conselhos de administração de companhias abertas no Brasil tem se acelerado nos últimos anos, mas continua longe de ser suficiente para atender às demandas dos investidores. Análise da consultoria global de serviços estratégicos e governança corporativa Morrow Sodali com base na amostra das empresas integrantes do IBrX-50 da B3 revela que em 6% das listadas no Novo Mercado — segmento com os mais rigorosos requerimentos de governança — não havia nenhuma mulher no board. Em 2020, o percentual de empresas sem mulheres nos conselhos de administração era maior, de 29%. Os dados fazem parte do Lighthouse Brazil 2023-2024, estudo elaborado pela Morrow Sodali.

O levantamento verificou que, em média, as mulheres representam 23% dos boards das empresas da amostra listadas no Novo Mercado — em 2021, elas eram 17%. “A melhora é inegável, mas ainda há muita margem para evolução”, avalia Agnes Blanco Querido, diretora-geral da Morrow Sodali no Brasil.

A situação piora, no entanto, quando se leva em conta o Nível 2, segmento de listagem da B3 que seguem regras mais rígidas em relação ao mercado comum, mas menos exigentes se comparadas às do Novo Mercado: em média, as mulheres representavam apenas 18% dos boards das empresas do Nível 2 em 2023.

O pior cenário é o do Nível 1, segmento de listagem com parâmetros mais básicos de governança corporativa, que registrou média de apenas 12% de participação de mulheres nos conselhos. “Esses percentuais são tímidos quando comparados aos de outros mercados de capitais pelo mundo”, pondera Agnes Querido.

Percentual mínimo

A diversidade em conselhos de administração é um dos temas que concentram as atenções de agências globais de recomendação de voto (proxy voting), como a ISS e a Glass Lewis, que prestam assessoria para grandes investidores sobre como devem votar em assembleias de acionistas.

Desde o ano passado, na sua política de recomendação de voto das assembleias gerais ordinárias (AGOs), a ISS orienta investidores a votar contra a seleção de nomes para o conselho se não houver ao menos uma vaga ocupada por mulher. Além disso, a ISS indica percentual de 30% como índice mínimo de diversidade desejável nos conselhos.

Diversidade de grupos sub-representados

A pressão vem também do regulador. Desde 2023, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) exige que as empresas brasileiras divulguem informações sobre diversidade de seus colaboradores. Nos casos de conselho de administração e diretoria, a Resolução 59/2021 determina que as informações devem abranger gênero, cor, raça e outros recortes relevantes. São pontos a que os investidores também estão bastante atentos.

Ainda em 2023, o órgão regulador aprovou o Anexo ASG, documento que tem como propósito incentivar a diversidade de gênero e a presença de grupos sub-representados em cargos de alta liderança das empresas reguladas – entre elas, as empresas com ações na bolsa.

De acordo com a proposta da B3 aprovada pela CVM, as companhias deverão eleger ao menos uma mulher e um integrante de grupo sub-representado (definido como conjunto de pessoas pretas, pardas ou indígenas, integrantes da comunidade LGBTQIA+ ou com deficiência) para seu conselho de administração ou diretoria estatutária em até dois anos a partir da vigência do Anexo ASG.

Acesse o relatório completo: Lighthouse, Brazil Edition, March 2024

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