Não há como negar que o ESG tem se tornado cada vez mais comum no mundo empresarial. A sigla de Environmental, Social and Governance (meio ambiente, social e governança), tem estado no topo de prioridades de líderes e gestores, uma vez que o conceito se tornou símbolo de comprometimento e responsabilidade social, reforçando sua importância em diversos segmentos, dentre eles, a indústria química.
Tendo em vista a amplitude de atividades industriais que o nosso país executa, muitas das vezes, não nos damos conta da presença da indústria química no nosso dia a dia. Desde medicamentos, fertilizantes, cosméticos e, até mesmo, itens de limpeza, esses são apenas alguns exemplos de como esse setor tem uma ampla participação e influência em outros segmentos.
Não à toa, de acordo com a Abiquim (Associação Brasileira de Indústrias Químicas), a indústria química brasileira é a 6ª maior do mundo. Além disso, segundo um relatório da plataforma de inovação Distrito, o segmento é considerado o mais inovador do país, tendo um desempenho de 87% em inovação, superior a outros ligados diretamente ao uso de tecnologia.
Os dados mostram que este, sem dúvidas, é um setor promissor e repleto de oportunidades. No entanto, não podemos de deixar de falar sobre os desafios que acometem a indústria química, como a disponibilidade de matéria-prima que, muitas das vezes, acabam sendo importadas elevando o seu custo, além da constante cobrança da sociedade acerca da sua atuação perante o combate e redução dos impactos ambientais nas atividades.
Nessa jornada, o ESG age como um importante método e recurso para guiar as organizações nesse caminho. Afinal, embora a temática de sustentabilidade possa parecer algo simples de ser realizado, de nada adianta o seu entendimento, sem que haja um direcionamento correto durante as etapas fabris – o que traz à tona a importância dos outros termos que compõem o conceito: a governança e o social.
Isso é, como citado anteriormente, a indústria química atua como um importante fio condutor para os demais setores, o que eleva ainda mais a sua responsabilidade e importância da agenda ESG em suas operações. Até porque, além de auxiliar o setor no que condiz a adoção de processos em prol da sustentabilidade, o conceito também atua como uma importante diretriz no gerenciamento e mitigação de riscos e perdas, bem como favorecer a construção de uma imagem positiva.
Contudo, precisamos enfatizar que, para que o ESG possa ser aplicado de forma assertiva, é fundamental que os processos sejam modernizados e aprimorados, a fim de obter maior controle operacional. Quanto a isso, sim, a tecnologia se destaca por ser o método efetivo que ajuda no maior controle de qualidade e monitoramento dos processos.
E, em se tratando que o setor está sujeito a uma gama de regulamentações governamentais e a constantes auditorias de qualidade, torna-se imprescindível ter um sistema rigoroso que auxilie em tomadas de decisões e eventuais consultas. Nesse aspecto, um importante passo é a implementação de um ERP. Afinal, com a centralização dos processos, é facilitado o maior controle e monitoramento das atividades, assim como em avaliar se as atividades estão ou não em conformidade com a legislação e, principalmente, implementar a agenda ESG.
Embora a indústria química tenha totalizado um faturamento líquido de R$ 834,9 bilhões em 2023, registrando uma queda de 16% em comparação ao ano anterior, segundo dados do relatório da Abiquim, ainda sim, este segue como um setor com altas oportunidades de crescimento.
Deste modo, a agenda ESG permanece como um importante passo rumo a esse objetivo e, quando conciliada à diretrizes estratégicas assertivas, melhores serão os resultados. Por isso, mais do que almejar recuperar o crescimento em um mercado competitivo, a indústria química brasileira precisa ter como foco manter sua sobrevivência. E, para isso, andar em conformidade com as atuais pautas e estabelecer processos, seguem como excelentes abordagens para o desempenho do setor.
Patricia Pereira, Head de Manufatura (Chemicals Industry) do Grupo INOVAGE.