O mercado verde brasileiro pode movimentar cerca de R$1,3 trilhão em investimentos e novas receitas até 2030 – o equivalente a 12% do Produto Interno Bruno (PIB) – conforme estudo da Redirection International, empresa especializada em desenvolvimento corporativo. O movimento acontece na esteira da agenda ESG, considerada uma tendência disruptiva por 51% dos executivos entrevistados pela Amcham Brasil.
“Devido às crescentes preocupações ambientais, sociais e de governança, as empresas estão reconhecendo cada vez mais a importância de incorporar práticas sustentáveis em suas operações. O aumento de negócios verdes reflete uma mudança de mentalidade, em que organizações buscam não apenas maximizar lucros, mas também minimizar impactos ambientais e sociais negativos”, afirma Vanessa Pires, especialista em ESG e CEO da Brada, startup que conecta investidores a projetos de impacto positivo.
Negócios sustentáveis já são, inclusive, mais valorizados pelo mercado. Segundo a consultoria EY, 9 em cada 10 investidores utilizam divulgações ESG para decidir se investem ou não em uma empresa. A demanda dos consumidores também impulsiona a tendência, visto que 63% dos brasileiros procuram marcas com histórico ativo de ações pró ESG, conforme pesquisa da Kantar: “A busca por produtos e serviços sustentáveis tornam os negócios verdes uma escolha ética e estratégica para o crescimento a longo prazo”, diz Vanessa Pires.
A executiva destaca as principais tendências de negócios verdes que devem gerar capital e impulsionar o mercado nos próximos anos:
Bioeconomia
A bioeconomia é um conceito que se refere a uma economia baseada no uso de recursos biológicos renováveis e processos biotecnológicos para produzir alimentos, energia e produtos industriais que respeitam os limites ambientais. Estudo realizado pela Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI) estima que, nos próximos vinte anos, somente o setor de biotecnologia industrial agregue US$ 53 bilhões anuais à economia nacional.
“Ao integrar a bioeconomia em suas estratégias, empresas podem reduzir a pegada ambiental e aproveitar oportunidades de negócios emergentes, promovendo diversificação da oferta, segurança alimentar e energética, além de contribuir para o desenvolvimento de comunidades locais sustentáveis”, diz Vanessa Pires.
Crédito de carbono
Também chamado de redução certificada de emissões, o crédito de carbono é uma unidade de medida utilizada para quantificar a redução ou compensação de emissões de gases do efeito estufa. De acordo com levantamento da consultoria McKinsey, no cenário mundial, o crédito de carbono pode saltar de US$ 1 bilhão para US$ 50 bilhões até 2030. O Brasil concentra 15% do potencial de captura por causa das condições naturais do país.
A especialista explica que empresas podem adquirir créditos de carbono para compensar as próprias emissões, investir em projetos de redução de emissões ou cumprir metas estabelecidas por regulamentações ambientais: “Esses créditos incentivam a adoção de práticas mais sustentáveis e contribuem para a mitigação das mudanças climáticas”.
Agricultura sustentável
A agricultura sustentável é um sistema que busca atender às necessidades de produção de alimentos e produtos agrícolas, sem comprometer a capacidade das futuras gerações em atenderem às próprias necessidades. Envolve o uso responsável dos recursos naturais e a adoção de tecnologias que aumentem a eficiência produtiva de forma sustentável. Nesse sentido, o Brasil ocupa o 5º lugar no ranking mundial de pesquisas relacionadas à Fome Zero e Agricultura Sustentável, um dos principais Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
“Além de atender às demandas dos consumidores por produtos mais sustentáveis, a adoção de práticas agrícolas responsáveis fortalecem as cadeias de suprimentos, reduzem os riscos operacionais e contribuem para o bem-estar das comunidades rurais”, destaca a CEO da Brada.