Um dos maiores responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa (GEE) globalmente, o setor de transportes corre contra o tempo para cumprir as metas de descarbonização em suas operações. O Brasil emitiu 2,3 bilhões de toneladas brutas de gases de efeito estufa (GEE) em 2022, de acordo com o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima, sendo 204 milhões de toneladas de CO² equivalente na categoria transporte. A movimentação de cargas responde por quase metade desse total, sendo que mais de 90% é feita no modal rodoviário.
As estatísticas compõem um cenário desafiador que exerce pressão contínua sobre os operadores de frotas para que adotem soluções mais sustentáveis e inovadoras. No segmento de transporte de produtos sensíveis à temperatura, com protocolos, medidas de segurança e regulamentações ainda mais específicas, cumprir as metas corporativas relacionadas aos aspectos ambientais, sociais e de governança (ESG) exige esforço adicional.
“Para os operadores de frotas de frete refrigerado, a descarbonização traz um conjunto de desafios e oportunidades. O investimento em tecnologias mais sustentáveis demanda valores significativos, mas, amplia as oportunidades comerciais e melhora a reputação, já que os consumidores valorizam cada vez mais práticas sustentáveis na cadeia de suprimentos”, reflete Marcel Souza, gerente de produtos para a América Latina da Thermo King, fabricante de sistemas de controle de temperatura para transporte refrigerado.
Tecnologias sustentáveis para descarbonizar o transporte refrigerado
O caminho passa inevitavelmente pela adoção de novas tecnologias, como as soluções de eletrificação, telemática e fluídos refrigerantes de última geração.
As unidades de refrigeração de transporte (TRUs, na sigla em inglês) têm papel crucial no processo de descarbonização do segmento. A transição para unidades alimentadas por fontes renováveis elimina a dependência de combustíveis fósseis, reduzindo as emissões diretas. Sejam com motor a diesel de alta eficiência, totalmente elétricas ou alimentadas por combustível de fontes alternativas, como o biodiesel e HVO (óleo vegetal hidrotratado, na sigla em inglês), essas tecnologias também proporcionam um sólido retorno sobre o investimento. “A eletrificação não implica apenas a mudança na fonte de energia, também possibilita a integração de tecnologias avançadas, mais limpas e eficientes, como sistemas de gerenciamento de energia de última geração e motores elétricos, que ajudam a reduzir as emissões e otimizar o desempenho geral da unidade”, ressalta Marcel.
Outra inovação no gerenciamento de frotas de frete capaz de melhorar a segurança, a eficiência, a conformidade e a sustentabilidade é a telemática.
Ao fornecer dados em tempo real sobre o desempenho, os parâmetros de temperatura e o consumo de energia da unidade refrigerada, ela possibilita otimizar rotas, prazos de entrega e eficiência operacional. Para Marcel, “ao dispor de informações em tempo real sobre o consumo de energia, os operadores de frotas podem tomar decisões que reduzam as emissões”.
As opções para os gestores de frotas frigorificadas incluem também os fluídos refrigerantes com menor Potencial de Aquecimento Global (ou Global Warming Potential – GWP, na sigla em inglês), que reduzem significativamente as emissões de GEE. “O gás refrigerante R-452A é a melhor opção que temos para o planeta. Para que nossos clientes atinjam suas metas de sustentabilidade, desde 2018 já adotamos o uso do fluido refrigerante R-452A em nosso portfólio de produtos”, conclui o gerente de produtos da Thermo King.
A redução da pegada de carbono no segmento de transporte refrigerado é uma necessidade. À medida que aumentam as pressões por modelos de negócios mais sustentáveis, seja por ganho de reputação ou conformidade regulamentar, a descarbonização irá além da responsabilidade ambiental para se tornar uma estratégia indispensável para o sucesso.