A Trashin, empresa de logística reversa que realiza gestão de resíduos 360º, cresceu cerca de seis vezes em menos de dois anos. O trabalho já vinha em uma curva ascendente, mas a aceleração veio quando as métricas ESG começaram a ganhar cada vez mais relevância no mercado, tornando as principais atividades da startup necessárias dentro das organizações.
Nascida em Porto Alegre (RS), a Trashin atua em sete estados brasileiros. Iniciou as atividades em 2018 com uma operação pequena, trabalhando com gestão de resíduos em condomínios gaúchos. Dois anos depois, passou a atender grandes empresas e se tornou referência em logística reversa, prestando serviços de sustentabilidade para organizações que querem potencializar suas ações e medir os impactos ambientais, sociais e de governança – métricas ligadas às exigências da ESG.
Além da logística reversa, a startup também opera com a gestão de resíduos, promovendo a economia circular. “Nessas linhas de atuação, temos grandes clientes como SAP, Unimed, Unilever, P&G, Alpargatas, Sicredi, Shopping D e ESPM. Essas empresas fecharam parceria conosco e já estão gerando alto impacto socioambiental positivo.”, conta Sérgio Finger, fundador e CEO da Trashin.
Com uso da tecnologia, a Trashin torna o processo de gestão de resíduos e de logística reversa das empresas mais fácil e intuitivo. Por meio de um sistema online, a empresa disponibiliza ao cliente o total controle sobre as ações de sustentabilidade que ajudam a melhorar os índices exigidos pelas métricas ESG.
“É importante para as empresas ter acesso a todos esses dados, como extrato de coletas, triagens e aproveitamento para a emissão de relatórios e indicadores de sustentabilidade. Por isso, nós disponibilizamos essas informações online para que o cliente possa acessá-las a qualquer momento”, enfatiza Sérgio.
Estes indicadores, que estão disponíveis no Sistema Online Trashin, podem não só serem formatados para uso em materiais de ESG – (Environmental, Social and Governance), como também para GRI – (Global Reporting Initiative).
“A produção do relatório ESG e todas as circunstâncias que o cercam podem representar uma grande vantagem competitiva e um modo inteligente de aprimorar processos e práticas dentro de qualquer empresa, em qualquer setor.”, enfatiza Renan Vargas, sócio-fundador da Trashin.
O ‘boom’ que o ESG teve no mercado não foi surpresa para os fundadores da Trashin. Desde o começo da trajetória no sul do Brasil até a chegada em importantes empresas nacionais, eles já percebiam que o tema não era uma moda passageira. “As empresas já estão mais conscientes de sua importância e estão buscando, cada vez mais, ações de sustentabilidade a longo prazo”, aponta Renan, que está liderando pesquisas e estudos sobre ESG na empresa.
De acordo com um relatório da Itaú Asset, as empresas que adotam o ESG conseguem aumentar seu lucro, diminuir custos, reduzir problemas legais, ampliar a produtividade e, ainda, potencializar seus investimentos.
O diretor de marketing da Trashin, Gustavo Finger, afirma que é possível trabalhar com logística reversa de forma escalável sem deixar de prestar um serviço customizado para cada organização. “Neste cenário é preciso atuar de maneira integrada e de acordo com a cultura de cada empresa. Com o tempo e com os aprendizados que tivemos, tornamos todo esse processo mais simples e automatizado. Além disso, conseguimos entregar aos clientes relatórios personalizados e interativos, convertendo dados complexos em informações palpáveis e acessíveis”.
Gestão de resíduos como centro do ESG
De acordo com o CEO da Trashin, a gestão de resíduos pode ser a porta de entrada para as empresas que querem implementar o ESG. Dessa forma, consegue integrar os três principais pilares do conceito: o impacto ambiental positivo por meio da destinação correta de resíduos; a geração de valor e renda para os cooperados, sendo este o aspecto social relacionado ao processo; e as métricas, KPI’s, metas e a mitigação de riscos obtidos a partir da gestão de resíduos adotada pelas empresas. Ou seja, características diretamente relacionadas ao pilar de governança.
“A gestão de resíduos pode ser uma iniciativa central nas empresas por ser absolutamente tangível e mensurável. Todas as organizações geram resíduos, então iniciar a adesão e a regularização que o ESG propõe com essa ação, pode ser o primeiro passo a ser dado”, ressalta Sérgio.
Outra prática do ESG que pode beneficiar as empresas
A logística reversa pode ser mais uma prática a ser adotada nas empresas. A Trashin, referência no assunto no Brasil, desenvolve coletores personalizados e promove coletas de resíduos específicos para organizações que possuem algum material de difícil solução. Esse tipo de ação possibilita transformar esses resíduos em um novo produto ou em matéria-prima reciclada, colocando-os novamente na cadeia produtiva.
Entre as iniciativas de sucesso de logística reversa realizadas pela Trashin, a startup criou uma estratégia piloto com a Alpargatas Brasil – fabricante do chinelo mais famoso do país – para dar um novo destino às sandálias Havaianas.
Neste projeto foram instalados coletores em lojas da Havaianas e condomínios de São Paulo, Rio de Janeiro e Recife. Nestes locais os consumidores podem descartar seus chinelos velhos ou sem condições para uso. Todo material coletado é transformado em tatames e tapetes ecológicos para projetos sociais e esportivos.
“Essa iniciativa prova que cada empresa pode escolher uma determinada métrica para acompanhar dentro do ESG. Portanto, na hora de defini-las, cabe a elas escolher as áreas e índices que melhor representam a sua cultura organizacional e que possuem um maior impacto junto aos clientes, fornecedores e colaboradores”, pontua Sérgio.
ESG nos investimentos
Segundo publicação da XP Investimentos que cita a última Pesquisa de Sustentabilidade da ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), mais de 80% dos agentes de investimentos no Brasil já conhecem as métricas ESG e, a grande maioria prioriza o impacto das ações na hora de escolher seus investimentos.
De acordo com outra pesquisa da ANBIMA, apenas uma pequena parcela tem uma área específica (11%), ou com colaboradores diretamente ativos (18%), enquanto o outro grupo (5%) possui um conselho próprio para analisar investimentos ESG
O panorama atual conta com um número cada vez maior de empresas que compartilham dados relacionados ao ESG.
A B3 – bolsa de valores oficial do Brasil – possuía 30% das 426 companhias listadas compartilhando dados ESG em 2019. Destas, a maioria (24%) mostravam os relatórios considerando os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU), enquanto a minoria (6%) pretendiam, estudavam ou elaboravam relatórios sobre o tema.
“Para as empresas que têm o objetivo de inserir práticas de ESG, que estão cada vez mais valorizadas hoje em dia, investir em logística reversa pode ser vantajoso, já que ela também permite ter uma redução de custos nos processos produtivos”, destaca Renan.